Obaluayê
Na Umbanda, o culto é feito a
Obaluayê, que se desdobra com o nome de Omulu. Orixá originário do Daomé. É um
Orixá sombrio, tido entre os iorubanos como severo e terrível, caso não seja
devidamente cultuado, porém Pai bondoso e fraternal para aqueles que se tornam
merecedores, através de gestos humildes, honestos e leais.
Nanã decanta os espíritos que
irão reencarnar e Obaluayê estabelece o cordão energético que une o espírito ao
corpo (feto), que será recebido no útero materno assim que alcançar o
desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).
Ambos os nomes surgem quando
nos referimos a esta figura, seja Omulu seja Obaluaiê. Para a maior parte dos
devotos do Candomblé e da Umbanda, os nomes são praticamente intercambiáveis,
referentes a um mesmo arquétipo e, correspondentemente, uma mesma divindade. Já
para alguns babalorixás, porém, há de se manter certa distância entre os dois
termos, uma vez que representam tipos diferentes do mesmo Orixá.
São também comuns as variações
gráficas Obaluaê e Abaluaê.
Um dos mais temidos Orixás, comanda as doença e,
consequentemente, a saúde. Assim como sua mãe Nanã, tem profunda relação com a
morte. Tem o rosto e o corpo cobertos de palha da costa, em algumas lendas para
esconder as marcas da varíola, em outras já curadas não poderia ser olhado de
frente por ser o próprio brilho do sol. Seu símbolo é o Xaxará - um feixe de
ramos de palmeira enfeitado com búzios.
Em termos mais estritos,
Obaluaiê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omulu é sua forma velha.
Como, porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não
devendo ser mencionado, pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma
Obaluayê é a que mais se vê. Esta distinção se aproxima da que existe entre as
formas básicas de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã
a forma mais velha.
A figura de Omulu/Obaluayê,
assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas
indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas
as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica
vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a
cura do mesmo mal que criou.
Em algumas narrativas mais
tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se
referia ao deus da varíola, tal visão porém, é uma evidente limitação. A
varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente era a epidemia
mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original
africana, onde surgiu Omulu/Obaluayê, o Daomé.
Assim, sombrio e grave como
Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe) Omulu/Obaluayê é uma criatura da
cultura jêje, posteriormente assimilada pelos iorubás. Enquanto os Orixás
iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de
pequenas falhas que os identificam com os seres humanos, as figuras daomeanas
estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses
e seres humanos é bem maior. Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma
tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no
comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.
A visão de Omulu/Obaluayê é a
do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado,
o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou
um aplacar, mais prováveis nos Orixás iorubás.
Pierre Verger, nesse sentido,
sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a iorubá, o que pode
ser sentido em seus mitos: A antigüidade dos cultos de Omulu/Obaluayê e Nanã
(Orixá feminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é
indicada por um detalhe do ritual dos sacrifícios de animais que lhe são
feitos. Este ritual é realizado sem o emprego de instrumentos de ferro,
indicando que essas duas divindades faziam parte de uma civilização anterior à
Idade do Ferro e à chegada de Ogum.
Como parte do temor dos
iorubás, eles passaram a enxergar a divindade (Omulu/Obaluayê) mais sombria dos
dominados como fonte de perigo e terror, entrando num processo que podemos
chamar de malignação de um Orixá do povo subjugado, que não encontrava
correspondente completo e exato (apesar da existência similar apenas de Ossãe).
Omulu/Obaluayê seria o registro da passagem de doenças epidêmicas, castigos
sociais, já que atacariam toda uma comunidade de cada vez.
Obaluayê, o Rei da Terra, é filho de
NANÃ, mas foi criado por IEMANJA que o acolheu quando a mãe rejeitou-o por ser
manco feio e coberto de feridas. É uma divindade da terra dura, seca e quente.
É às vezes chamado "o velho", com todo o prestígio e poder que a
idade representa no Candomblé. Está ligado ao Sol, propicia colheitas e
ambivalentemente detém a doença e a cura. Com seu Xaxará, ritual de palha da
Costa, ele expulsa a peste e o mal. Mas a doença pode ser também a marca dos
eleitos, pelos quais Omulu quer ser servido. Quem teve varíola é freqüentemente
consagrado a Omulu, que é chamado "médico dos pobres".
Suas relações com os Orixás
são marcadas pelas brigas com Xangô e Ogum e pelo abandono que os Orixás
femininos legaram-lhe. Rejeitado primeiramente pela mãe, segue sendo abandonado
por Oxum, por quem se apaixonou que, juntamente com Iansã, troca-o por Xangô.
Finalmente Obá, com quem se casou, foi roubada por Xangô.
Existe
uma grande variedade de tipos de Omulu/Obaluayê, como acontece praticamente com
todos os Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras, de idades
diferentes, etc., mas resumidos pelas duas configurações básicas do velho e do
moço. A diversidade de nomes pode também nos levar a raciocinar que existem
mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região, justificando
que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omulu Jagun, Quicongo, Sapatoi,
Iximbó, Igui.
Esta Grande Potência Astral
Inteligente, quando relacionado à vida e à cura, recebe o nome de Obaluayê. Tem
sob seu comando incontáveis legiões de espíritos que atuam nesta Irradiação ou
Linha, trabalhadores do Grande Laboratório do Espaço e verdadeiros cientistas,
médicos, enfermeiros etc., que preparam os espíritos para uma nova encarnação,
além de promoverem a cura das nossas doenças.
Atuam também no plano físico, junto aos profissionais de
saúde, trazendo o bálsamo necessário para o alívio das dores daqueles que
sofrem.
O Senhor da Vida é também Guardião das Almas que ainda
não se libertaram da matéria. Assim, na hora do desencarne, são eles, os
falangeiros de Omulu, que vêm nos ajudar a desatar nossos fios de agregação astral-físico.
Os comandados de Omulu, dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós-morte física (Hospitais, Cemitérios, Necrotérios etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força fluidíco-magnético, a fim de não deixarem que os vampiros astrais (kiumbas desqualificados) sorvam energias do duplo etérico daqueles que estão em vias de falecerem ou falecidos.
Os comandados de Omulu, dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós-morte física (Hospitais, Cemitérios, Necrotérios etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força fluidíco-magnético, a fim de não deixarem que os vampiros astrais (kiumbas desqualificados) sorvam energias do duplo etérico daqueles que estão em vias de falecerem ou falecidos.
Características
Cor – Preta e Branca
Fio de Contas - Contas e Miçangas Pretas e
Brancas leitosas.
Ervas - Canela de Velho, Erva de Bicho, Erva
de Passarinho, Barba de Milho, Barba de Velho, Cinco Chagas, Fortuna, Hera. (cuféia - sete sangrias, erva-de-passarinho, canela de velho,
quitoco, Zínia)
Símbolo – A Cruz
Pontos da Natureza - Cemitério, grutas, praia
Flores- Monsenhor branco
Essências - Cravo e Menta
Pedras - Obsidiana, Ônix, Olho-de-gato.
Metal - Chumbo
Saúde - Todas as partes do corpo (É o Orixá da
Saúde)
Planeta – Saturno
Dia da Semana – Segunda feira
Elemento – Terra
Chakra – Básico
Saudação - Atôtô (Significa “Silêncio, Respeito”).
Bebida - Água mineral (vinho tinto)
Animais - Galinha d’angola, caranguejo e peixes
de couro, cachorro.
Comidas - Feijão preto, carne de porco, Deburú -
pipoca, (Abadô - amendoim pilado e torrado; latipá - folha de mostarda; e,
Ibêrem - bolo de milho envolvido na folha de bananeira).
Número – 3
Data Comemorativa- 16 de Agosto (17 de Dezembro)
Sincretismo - São roque (São Lázaro).
Incompatibilidade - Claridade, sapos Claridade.
Atribuições
Muitos associam o divino
Obaluayê apenas com o Orixá curador, que ele realmente é, pois cura mesmo! Mas
Obaluaiê é muito mais do que já o descreveram. Ele é o "Senhor das
Passagens" de um plano para outro, de uma dimensão para outra, e mesmo do
espírito para a carne e vice-versa.
As Características Dos Filhos De Obaluayê
Ao senhor da doença é
relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela
Omulu/Obaluayê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos
sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento
do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente
masoquista.
Arquetipicamente, lega a seus
filhos tendências ao masoquismo e à autopunição, um austero código de conduta e
possíveis problemas com os membros inferiores, em geral, ou pequenos outros
defeitos físicos.
Pierre Verger define os filhos
de Omulu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a
vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e
rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos
imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se
consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios
interesses e necessidades vitais.
No Candomblé, como na Umbanda,
tal interpretação pode ser demais restritiva. A marca mais forte de
Omulu/Obaluayê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele. Ele
se manifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se
como uma grande capacidade de somatização de problemas psicológicos (isto é, a
transformação de traumas emocionais em doenças físicas reais), como numa
elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seus filhos-de-santo do
cotidiano, das outras pessoas em geral e principalmente os prazeres. Sua
insatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra
si próprio, uma vez que ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si
uma punição.
Em outra forma de extravasar
seu arquétipo, um filho do Orixá, menos negativista, pode apegar-se ao mundo
material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele,
como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento
obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.
Mesmo assim, um certo toque do
recolhimento e da autopunição de Omulu/Obaluaiê serão visíveis em seus
casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a
indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o
centro do palco, reservando ao cônjuge de Omulu/Obaluayê um papel mais
discreto. Gostam de ver seu amado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo com
muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos.
Assim como Ossãe, as pessoas
desse tipo são basicamente solitárias. Mesmo tendo um grande círculo de
amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmente
aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o
mundo e guardando sua intimidade para si própria. O filho do Orixá oculta sua
individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de
respeito e de imposição, de certo medo aos outros. Pela experiência inerente a
um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seus comentários, porém não são prolixos
e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível
que forma de si próprio.
Entretanto, podem ser
humildes, simpáticos e caridosos. Assim é que na Umbanda este Orixá toma a
personalidade da caridade na cura das doenças, sendo considerado o "Orixá
da Saúde”.
O tipo psicológico dos filhos
de Omulu é fechado, desajeitado, rústico, desprovido de elegância ou de charme.
Pode ser um doente marcado pela varíola ou por alguma doença de pele e é
freqüentemente hipocondríaco. Tem considerável força de resistência e é capaz
de prolongados esforços. Geralmente é um pessimista, com tendências
autodestrutivas que o prejudicam na vida. Amargo, melancólico, torna-se
solitário. Mas quando tem seus objetivos determinados, é combativo e obstinado
em alcançar suas metas. Quando desiludido, reprime suas ambições, adotando uma
vida de humildade, de pobreza voluntária, de mortificação.
É lento, porém perseverante.
Firme como uma rocha. Falta-lhe espontaneidade e capacidade de adaptação, e por
isso não aceita mudanças. É vingativo, cruel e impiedoso quando ofendido ou
humilhado.
Essencialmente viril, por ser
Orixá fundamentalmente masculino, falta-lhe um toque de sedução e sobra apenas
um brutal solteirão. Fenômeno semelhante parece ocorrer no caso de Nanã: quanto
mais poderosa e mais acentuada é a feminilidade, mais perigosa ela se torna e,
paradoxalmente, perde a sedução.
Cozinha ritualística
Feijão Preto
Cozinha-se o
feijão preto, só em água, e depois refoga-se cebola ralada, camarão seco e
Azeite-de-Dendê, misturando ao feijão.
Olubajé (Olu-aquele que, ba-aceita, jé-comer ; ou ainda aquele-que-come)
O Olubajé, não é uma comida
específica, mas sim um banquete oferecido à Obaluayê.
São oferecidos pratos de
aberém (milho cozido enrolado em folha de bananeira), carne de bode e pipocas.
Seus "filhos"
devidamente "incorporados" e paramentados oferecem as mesmas aos
convidados/assistentes desta festa.
É uma oferenda
coletiva para os Orixás da Terra e suas ligações – Omulu/Obaluayê Nana e
Oxumarê, é aguardada durante todo o ano com muito entusiasmo, pois é nesta
oferenda que os iniciados ou simpatizantes irão agradecer por mais um ano que
passaram livre de doenças e pedir por mais um período de saúde, paz e
prosperidade.
A celebração
oferece aos participantes um vasto cardápio de "comidas de santo", e,
após todos comerem, participam de uma limpeza espiritual, que evoca a proteção
destas divindades por mais um ano na vida de cada um.
É uma das
cerimônias mais importantes do Candomblé, e relembra a lenda da festa que
ocorria na terra de Obaluayê, com todos os Orixás, na qual ele não podia
entrar. (ver lenda mais abaixo).
Lendas De Obaluayê
Orixá da cura, continuidade e da existência!!!
Chegando de viagem à aldeia onde
nascera Obaluayê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos
os orixás. Obaluaiê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência.
Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia
do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto
doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de
envergonhado, Obaluayê entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo
acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Obaluaiê e
dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.
O xirê (festa, dança, brincadeira) estava animado. Os orixás dançavam alegremente
com suas ekedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de
palha com seu vento. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de
Obaluaiê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se
espalharam brancas pelo barracão. Obaluaiê, o deus das doenças, transformara-se
num jovem belo e encantador. Obaluayê e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos
e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder
único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.
Xapanã, rei de Nupê.
Xapanã, originário de Tapa, leva seus
guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por
suas flechas ficava cega, surda ou manca, Obaluayê-Xapanã chega ao território de
Mahi no norte de Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a
destruir tudo o que encontra a sua frente. Os Mahis foram consultar um Babalaô
e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmar Xapanã. O Babalaô diz que estes
deveriam tratá-lo com pipocas, que isso iria tranquiliza-lo, e foi o que
aconteceu. Xapanã tornou-se dócil.
Xapanã contente com as atenções recebidas mandou construir um palácio
onde foi viver e não mais voltou ao país Empê. O Mahi prosperou e tudo se
acalmou.
As Duas Mães de Obaluayê
Filho de Oxalá e Nanã, nasceu com
chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã
morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo. Por esse
motivo Nanã, o abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias
que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança.
Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como
seu filho em seus seios lacrimosos. O tempo foi passando e a criança cresceu e
tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa,
não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava
como a luz do sol. Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filho
Xapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é
Xapanã nosso filho. E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a
conviver com suas duas mães.
Oxumarê
Oxumarê filho mais novo e
preferido de Nanã, irmão de Omulu. É uma entidade branca muito antiga,
participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a
matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e
o oceano em
movimento. Rastejando pelo Mundo, desenhou seus vales e rios.
É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do movimento e
do ciclo vital. A cobra é dele e é por isso que no Candomblé não se mata cobra.
Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.
A comunicação entre o céu e a
terra é garantida por Oxumarê. Leva a água dos mares, para o céu, para que a
chuva possa formar-se - é o arco-íris, a grande cobra colorida. Assegura
comunicação entre o mundo sobrenatural, os antepassados e os homens e por isso
à associa do ao cordão umbilical.
Oxumarê é um Orixá bastante
cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele,
principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do Candomblé
tradicional africano como a Umbanda. A confusão começa a partir do próprio
nome, já que parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino Oxum, a
senhora da água doce. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer
que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no Candomblé
tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas,
inclusive quanto aos cultos e à origem.
Em relação a Oxumarê, qualquer
definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um
Orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo; metade
do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito
básico associado a seus mitos e a seu arquétipo.
Essa dualidade onipresente faz
com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro
de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.
Nos seis meses em que é uma
divindade masculina, é representado pelo arco-íris, sendo atribuído a Oxumarê o
poder de regular as chuvas e as secas, já que, enquanto o arco-íris brilha, não
pode chover. Ao mesmo tempo, a própria existência do arco-íris é a prova de que
a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde se aglutinará em
forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado
líquido e voltará à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a
evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc.
Nos seis meses subseqüentes, o
Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que
representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arrastar
agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre
junto ao chão, perdendo em transcendência e ganhando em materialismo. Sob
essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa,
provocando tudo que é mau e perigoso.
Não podemos nos esquecer de
que tanto na África, como especialmente no Brasil, a população negra, foi
continuamente assediada pela colonização branca. Uma das formas mais utilizadas
por jesuítas para convencer os negros, era a repressão física, mas para alguns,
não bastava o medo de apanhar. Eles queriam a crença verdadeira e, para isso,
tentaram explicar e codificar a religião do Orixás segundo pontos de vista cristãos,
adaptando divindades, introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como
os da Igreja Católica. Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi
esbarrar em Oxumarê e na cobra - e não há animal mais peçonhento, perigoso e
pecador do que ela na mitologia católica.
Por isso, não seria difícil
para um jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de sua visão
teológica. Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos católicos
na religião do Orixás e nele reconhecer uma figura que só poderia trazer o mal
Na verdade, o que se pode
abstrair de contradições como as que apresenta Oxumarê é que este é o Orixá do
movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um
caminho e outro que norteia a vida humana. É o Orixá da tese e da antítese. Por
isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem
parar, como a alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e
negativo. Conta-se sobre ele que, como cobra, pode ser bastante agressivo e
violento, o que o leva a morder a própria cauda. Isso gera um movimento
moto-contínuo pois, enquanto não largar o próprio rabo, não parará de girar,
sem controle. Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em
torno do Sol, sempre repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do
universo, regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses
processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se
comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só
em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só
pessoa. Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos
deixaria de existir, sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo
conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é
necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem, pois, se ele perder suas
forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo.
Seu domínio se estende a todos
os movimentos regulares que não podem parar, como a alternância entre o dia e a
noite, o bom e o mal tempo (chuvas) e entre o bem e o mal (positivo e
negativo).
Enquanto o arco-íris traz a
boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação
livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma civilização
das selvas, já que ela está em seu habitat característico, podendo realizar
rápidas incertas. Pierre Verger acrescenta que Oxumarê está associado ao
misterioso, a tudo que implica o conceito de determinação além dos poderes dos
homens, do destino, enfim: É o senhor de tudo o que é alongado. O cordão
umbilical, que está sob seu controle, é enterrado geralmente com a placenta,
sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde
dependerá da boa conservação dessa árvore.
Atribuições
Cor - Verde e amarela (cores do
arco-íris, ou, amarelo rajado de preto).
Fio de Contas - Verde
e amarelo
Ervas - As mesma de Oxum
Símbolo - Cobra e Arco-Íris.
Pontos da Natureza
- Próximo
da queda da cachoeira.
Flores – Amarelas
Essências- As mesmas da
Oxum
Pedras - Ágata. (Topázio,
esmeralda, diamante)
Metal - Latão (Ouro e Prata mesclados)
Saúde - pressão baixa, vertigens, problemas de
nervos, problemas alérgicos e de pele.
Planeta – Vênus
Dia da Semana – Terça Feira
Elemento - Água
Chakra – Laríngeo
Saudação- Arrobobô
Bebida - Água mineral
Animais – Cobras
Comidas - Batata doce em formato de cobra,
bertalha com ovos.
Número – 14
Data Comemorativa – 24 de Agôsto
Sincretismo – São Bartolomeu
Incompatibilidades - sal, água salgada
Oxumarê é a renovação
continua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser. É
a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu lugar à paixão, ou
foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum e inicia-se a
dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade
já estabelecida na mente de um ser e o conduz, emocionalmente, a outra
religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no caminho reto.
Lendas
De Oxumarê
Como Oxumarê Se Tornou Rico.
Oxumarê era o babalaô da corte de um rei que, embora fosse
rico e poderoso, não pagava bem seu sacerdote, que vivia na pobreza. Certo dia,
Oxumarê perguntou a ifá o que fazer para ter mais dinheiro; ifá disse que, se
ele lhe fizesse uma oferenda, ele o tornaria muito rico. Oxumarê preparou tudo
como devia, mas, no meio do ritual, foi chamado ao palácio. Não podendo
interromper o ritual, ele não foi; então, o rei suspendeu seu pagamento. Quando
Oxumarê pensava que ia morrer de fome, a rainha do reino vizinho chamou-o para
tratar seu filho doente e, como Oxumarê o salvou, a rainha pagou-o muito bem.
com medo de perder o adivinho, o rei lhe deu ainda mais riquezas, e assim se
cumpriu a promessa de ifá.
Orixá do arco-íris !!!
Certa vez, Xangô viu Oxumarê
passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Xangô
conhecia a fama de Oxumarê não deixar ninguém dele se aproximar. Preparou então
uma armadilha para capturar Oxumarê. Mandou uma audiência em seu palácio e,
quando Oxumarê entrou na sala do trono, os soldados chamaram para a presença de
Xangô e fecharam todas as janelas e portas, aprisionando Oxumarê junto com
Xangô. Oxumarê ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam
trancadas pelo lado de fora.
Xangô tentava tomar Oxumarê
nos braços e Oxumarê escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como
se livrar, Oxumarê pediu a Olorum e Olorum ouviu sua súplica. No momento em que Xangô imobilizava
Oxumarê, Oxumarê foi transformado numa cobra, que Xangô largou com nojo e medo.
A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos. Havia uma pequena
fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra, foi
por ali que escapou Oxumarê. .
Assim livrou-se Oxumarê do assédio
de Xangô. Quando Oxumarê e Xangô foram feitos Orixás, Oxumarê foi encarregado
de levar água da Terra para o palácio de Xangô no Orum (céu), mas Xangô não
pôde nunca aproximar-se de Oxumarê.
Como Oxumarê Serve À Oxum e Xangô
Quando xangô e Oxum quiseram
se casar, perceberam que seria difícil viverem juntos, pois a casa de Oxum era
no fundo do rio e xangô morava por cima das nuvens. Então, resolveram arranjar
um criado que facilitasse a comunicação entre os dois. Falaram com Oxumarê, que
aceitou servir de mensageiro entre eles. Só que, durante a metade do ano em que
é o arco- íris, Oxumarê levava as águas de Oxum para o céu; não chovia e a
terra ficava seca. Por isso, Oxumarê resolveu que, nos seis meses em que fosse
cobra, deixaria o serviço. Nesse período, xangô precisa descer até Oxum, e
então acontecem os temporais da estação das chuvas.
Ossãe
É fundamental sua importância,
porque detém o reino e poder das plantas e folhas, imprescindíveis nos rituais
e obrigações de cabeça e assentamento de todos os Orixás através dos banhos
feitos de ervas. Como as folhas estão relacionadas com a cura, Ossãe também
está vinculado à medicina, por guardar escondida na sua floresta a magia da
cura para todas as doenças dos homens, contida nas virtudes de todas as folhas.
A cura é invocada no caso de doença, com o auxílio de Obaluaiê.
Divindade Masculina, do ar
livre, que governa toda a floresta, juntamente com Oxossi, dono do mistério das
folhas e seu emprego medicinal ou sua utilização mágica. Dono do axé (força, poder,
fundamento, vitalidade e segurança ) existentes nas folhas e nas ervas , ele
não se aventura nos locais onde o homem cultivou a terra e construiu casas ,
evitando os lugares onde a mão do homem poluiu a natureza com o seu domínio .
É bastante cultuado no Brasil,
sendo conhecido por diversos nomes, Ossonhe, Ossãe e Ossanha, a forma mais
popular. Por causa do som final da palavra, é freqüentemente confundido com uma
figura feminina.
É o Orixá da cor verde, do
contato mais íntimo e misterioso com a natureza. Seu domínio estende-se ao
reino vegetal, às plantas, mais especificamente às folhas, onde corre o sumo.
Por tradição, não são consideradas adequadas pelo Candomblé mais conservador,
as folhas cultivadas em jardins ou estufas, mas as das plantas selvagens, que
crescem livremente sem a intervenção do homem. Não é um Orixá da civilização no
sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como Oxossi, uma figura que
encontra suas origens na pré-história.
As áreas consagradas a Ossãe
nos grandes Candomblés, não são jardins cultivados de maneira tradicional, mas
sim os pequenos recantos, onde só os sacerdotes (mão de ofá) podem entrar, nos
quais as plantas crescem da maneira mais selvagem possível. Graças a esse
domínio, Ossãe é figura de extrema significação, pois praticamente todos os
rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra, o sangue escuro que
vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou infusões para uso externo ou de
bebida ritualística.
Quando os Zeladores (as) de
Santo penetram no reino de Ossãe para fazerem as colheitas das ervas sagradas
para os banhos e defumações, devem antes pedir a Ossãe permissão para tal
tarefa, pois se não o fizerem, com certeza todas as folhas que retirarem de seu
Reino, não terão os Axés e Magias que teriam se pedissem a sua permissão, e até
dependendo do caso como alguns entram em seu Reino zombando e sem firmeza de cabeça, suas
ervas poderão agir ao contrario, causando muitos distúrbios naqueles que
zombarem de seu Reino e faltarem com o devido respeito ao seu domínio. Junto á
planta cortada, deixa-se sempre a oferenda de algumas moedinhas e um pedaço de
fumo-de-corda com mel, assim assegurando que a vibração básica da folha
permaneça, mesmo depois de ela ter sido afastada da planta e, portanto do solo
que a vitalizava.
As
folhas e ervas de Ossãe, depois de colhidas são esfregadas, espremidas e
trituradas com as mãos, e não com pilão ou outro instrumento. Cumpre quebrá-las
vivas entre os dedos.
Seja filho de Oxalá ou de
Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma pessoa sempre tem de invocar a
participação de Ossãe ao utilizar uma planta para fins ritualísticos, pois, a
capacidade de retirar delas sua força energética básica, continua sendo segredo
de Ossãe. Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um
prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.
A Colheita das folhas já é
completamente ritualizada, não se admitindo uma folha colhida de maneira
aleatória. Para que um iniciado possa recolher as ervas necessárias ao culto a
ser realizado, deve-se abster de qualquer bebida alcoólica e de relações
sexuais na noite que precede a colheita. As folhas devem ser colhidas na
floresta virgem, sempre que possível. Antes de penetrar na mata, o iniciado
deve pedir licença a Oxossi e a Ossãe, para isso acender vela na entrada, com o
cuidado de limpar a área onde ficarão as velas.
Toda vez que queimamos uma
floresta, desmatamos, cortamos árvores, ou simplesmente arrancamos folhas
desnecessariamente, estamos violando a natureza, ofendendo seriamente essa
força natural que denominamos Ossãe.
E é por este motivo que
devemos respeitar nossas florestas, bosques, matas, enfim todo espaço em que
tenha uma planta, mesmo sabendo que Ossãe habita as florestas e matas fechadas
mas toda planta leva em sua essência o Axé deste Orixá da cura.
Ossãe tem uma aura de mistério
em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito importante, não faz parte
das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do
conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das plantas
para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da busca do equilíbrio
energético, de contato do homem com a divindade.
Características
Cor – Verde
e Branca
Fio de Contas - Contas e Miçangas verdes e
brancas
Ervas - Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga,
jurubeba, coqueiro, café (alfavaca, coco de dendê, folha do juízo, hortelã,
jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de jardim, vassourinha, verbena)
Símbolo - Ferro com sete pontas com um pássaro
na ponta central. (Representa uma árvore de sete ramos com um pássaro pousado
sobre ela)
Pontos da
Natureza - Clareira
de matas
Flores – Flores do
Campo
Essências –
Pedras - Morganita, Turmalina verde e
rosa, Esmeralda, Amazonita
Chakra –
Metal - Estanho (latão)
Saúde - problemas ósseos, reumatismo,
artrite
Dia da Semana
– Quinta Feira
Elemento – Terra
Saudação - Eueuá Ossãe
Bebidas - suco de hortelã, suco de
goiaba, enfim sucos de qualquer fruta
Animais – Pássaros
Comidas - Banana frita, milho cozido com
amendoim torrado, canjiquinha, pamonha, inhame, bolos de feijão e arroz, farofa
de fubá; abacate
Número – 15
Data
Comemorativa – 5 de Outubro
Sincretismo - S. Benedito
Incompatibilidades
- ventania,
jiló
Atribuições
Dá força curativa às ervas
medicinais, dá axé às ervas litúrgicas.
Lendas
De Ossãe
Ossãe recusa-se a cortar as ervas miraculosas
Ossãe era o nome de um escravo
que foi vendido a Orumilá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni,
que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou
amigo de Ossãe e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Orumilá,
desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ossãe que roçasse o mato de
suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Ossãe exclamava:
"Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta
que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser
cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta
também não, porque refresca o corpo". E assim por diante. Orumilá, que era
um babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo
das plantas e ordenou que Ossãe ficasse junto dele nos momentos de consulta,
que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim
Ossãe ajudava Orumilá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico
que é.
Ossãe dá uma folha para cada Orixá
Ossãe,
filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Ewá e Obaluaiê, era o senhor das folhas, da
ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da
vida. Todos os orixás recorriam a Ossãe para curar qualquer moléstia, qualquer
mal do corpo. Todos dependiam de Ossãe na luta contra a doença. Todos iam à
casa de Ossãe oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossãe lhes dava
preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.
Curava as
dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas;
curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o
sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.
Um dia
Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam
compartilhar o poder de Ossãe, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura.
Xangô sentenciou que Ossãe dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas
Ossãe negou-se a dividir suas folhas com os outros Orixás. Xangô então
ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas
das matas de Ossãe para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que
Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as
arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô.
Ossãe
percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê Uassá!" - "As
folhas funcionam!". Ossãe ordenou às folhas que voltassem às suas matas e
as folhas obedeceram às ordens de Ossãe. Quase todas as folhas retornaram para
Ossãe. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da
cura. O Orixá Rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ossãe. Entendeu
que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossãe e que assim devia
permanecer através dos séculos. Ossãe, contudo, deu uma folha para cada
Orixá cada qual, com seus axés e seus efós, que são as cantigas de
encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossãe distribuiu as folhas
aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar
proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossãe
não conta seus segredos para ninguém, Ossãe nem mesmo fala. Fala por ele seu
criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossãe e sempre o reverenciam quando
usam as folhas.
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