Obá
Orixá do rio Níger. Orixá,
embora feminina, temida, forte, energética, considerada mais forte que muitos
Orixás masculinos, vencendo na luta, Oxalá, Xangô e Orumilá.
Obá é irmã de Iansã, foi
esposa de Ogum e, posteriormente, terceira e mais velha mulher de Xangô.
Bastante conhecida pelo fato de ter seguido um conselho de Oxum e decepado a
própria orelha para preparar um ensopado para o marido na esperança de que isto
iria fazê-lo mais apaixonado por ela. Quando manifestada, esconde o defeito com
a mão. Seus símbolos são uma espada e um escudo.
Tudo relacionado a Obá é
envolto em um clima de mistérios, e poucos são os que entendem seus atos aqui
no Brasil. Certas pessoas a cultuam como se fosse um Xangô fêmea.
Obá e Ewá são semelhantes, são
primas. Obá usa a festa da fogueira de Xangô para poder levar suas brasas para
seu reino, desta forma é considerada uma das esposas de Xangô mais fieis a ele.
Obá é Orixá ligado a água,
guerreira e pouco feminina. Suas roupas são vermelhas e brancas, leva um
escudo, uma espada, uma coroa de cobre. Usa um pano na cabeça para esconder a
orelha cortada. Conta e lenda que Obá, repudiada por Xangô, vivia sempre
rondando o palácio para voltar.
Características
Cor - Vermelha (marrom rajado)
Ervas - Candeia, negamina, folha de
amendoeira, ipoméia, mangueira, manjericão, rosa branca
Símbolo - Ofangi (espada) e um escudo
de cobre
Pontos da
Natureza - Rios
de águas revoltas.
Pedras - Marfim, coral, esmeralda, olho
de leopardo
Metal – Cobre
Saúde - Audição, orelha, garganta.
Dia daSemana – Quarta –Feira
Elemento – Fogo
Saudação - Obá xirê
Bebida -
Champanhe
Animais - Galinha d’angola
Comidas - Abará - massa de feijão
fradinho enrolado em folhas de bananeira; acarajé e quiabo picado.
Data
Comemorativa – 30
de Maio
Sincretismo - Santa Joana d'Arc
Incompatibilidades
- Sopa, peixe
de água doce.
Atribuições
Defende a justiça, procura refazer o equilíbrio.
Lendas
De Obá
OBÁ — Orixá Guerreira e Das Águas Revoltas!!!
Obá vivia em companhia de Oxum
e Iansã, no reino de Oyó, como uma das esposas de Xangô, dividindo a
preferência do reverenciado Rei entre as duas Iabás (Orixás femininos).
Obá percebia o grande apreço
que Xangô tinha por Oxum, que mimosa e dengosa, atendia sempre a todas as
preferencias do Rei, sempre servindo e agradando aos seus pedidos. Obá resolveu
então, perguntar para Oxum qual era o grande segredo que ela tinha, para que
levasse a preferencia do amor de Xangô, vez que Iansã, andava sempre com o Rei em
batalhas e conquistas de reinados e terras, pelo seu gênio guerreiro e corajoso
e Obá era sempre desprezada e deixada por último na lista das esposas de Xangô.
Oxum então, matreira e esperta, falou que seu segredo era em como preparar o
amalá de Xangô principal comida do Rei, que lhe servia sempre que deseja-se
bons momentos ao lado do patrono da justiça.
Obá, como uma menina ingênua,
escutou e registrou todos os ingredientes que Oxum falava, sendo que por fim
Oxum, falou que além de tudo isso, tinha cortado e colocado uma de suas orelhas
na mistura do amalá para enfeitiçar Xangô. Obá agradeceu a sinceridade de Oxum
e saiu para fazer um amalá em louvor ao Rei, enquanto Oxum, ria da ingenuidade
de Obá que, sempre atenta a tudo, não percebeu que Oxum mentira, pois ela
encontrava-se com suas duas orelhas, e falará isso somente para debochar de
Obá. Obá em grande sinal de amor pelo seu Rei preparou um grande amalá, e por
fim cortou uma de suas orelhas colocando na mistura e oferecendo à Xangô como
gesto de seu sublime amor. Xangô ao receber a comida, percebeu a orelha de Obá
na mistura, e esbravejou e gritou. Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e se
transformaram nos rios que levam os seus nomes. No local de confluência dos
dois cursos de água, as ondas tornam-se muito agitadas em conseqüência da
disputa entre as duas divindades. E, até hoje quando manifestadas em seus iaôs
elas dançam simbolizando uma luta.
A Luta de
Obá e Ogum
Obá certa vez desafiou Ogum
para um combate. O guerreiro, porém antes da luta foi consultar um Babalaô, que
o ensinou a fazer uma pasta de milho e quiabo pilados. Ogum esfregou esta pasta
no local destinado ao combate. Obá perdeu o equilíbrio, escorregou e caiu no chão.
Ogum aproveitou-se disso e ganhou a luta.
Ewá
Também conhecida como Ìyá Wa.
Assim como Iemanjá e Oxum, também é uma divindade feminina das águas e, às
vezes, associada à fecundidade. É reverenciada como a dona do mundo e dona dos
horizontes. Em algumas lendas aparece como a esposa de Oxumarê e pertencendo a
ela a faixa branca do arco-íris, em outras como esposa de Obaluayê ou Omulu.
Ewá é a divindade do rio Yewa.
Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu
ritual. As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a
realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma
obrigação para Ewá, quando na realidade o que foi feito é o que se faz
normalmente para Oxum ou Iansã.
O desconhecimento começa com
as coisas mais simples como a roupa que veste as armas e insígnias que segura e
os cânticos e danças, isso quando não dizem que Ewá é a mesma coisa que Oxum,
Iansã e Iemanjá.
Orixá que protege as virgens e
tudo que é inexplorável. Ewá tem o poder da vidência, Senhora Do céu estrelado
rainha dos cosmos. Ela está o lugar onde o homem não alcança.
Seu símbolo é o arpão, pode
também carregar um ofá dourado, uma espingarda ou uma serpente de metal. Às
vezes, Ewá é considerada a metade mulher de Oxumarê, a faixa branca do
arco-íris. Ela é representada também pelo raio do sol, pela neve.
As palmeiras com folhas em
leque também simbolizam Ewá - exótica, bela, única e múltipla
Na verdade ela mantém
fundamentos em comum com Oxumarê, inclusive dançam juntos, mas não se sabe ao
certo se seria a porção feminina, sua esposa ou filha.
Quando
cultuada na nação Keto, Ewá dança ilu, hamunha e aguerê, Na cultura jêje, onde
suas danças são impressionantes, prefere o bravun e o sató e dança acompanhada
de Oxumare, Omolu e Nanã.
Nas festas de Olubajé, Ewá não
pode ser esquecida, deve receber seus sacrifícios, e no banquete não pode
faltar uma de suas comidas favoritas; banana-da-terra frita em azeite.
Características
Cor- Carmim
Fio de Contas –
Ervas - Arrozinho,
baronesa (alga ), golfão.
Símbolo – Arpão
Pontos da
Natureza - Linha
do Horizonte. (Recebe oferendas em rios e lagos).
Flores - flores brancas e vermelhas
Metal - Ouro, prata e cobre.
Problemas de
Saúde - problemas
respiratórios e intestinais
Dia da Semana – Sábado
Elemento – Água
Saudação - Hihó (Rirró)
Bebida-Champanhe
Animais – Sabiá
Comidas - Banana inteira feita em
azeite de dendê com farofa do mesmo azeite (milho com coco, batata doce,
canjiquinha)
Data
Comemorativa -13
de dezembro
Sincretismo - Nossa Senhora das Neves
Incompatibilidades
- Galinha,
Aranha, Teia-de-aranha.
Atribuições
Limpa o ambiente, traz harmonia, alegria e beleza
Lendas
De Ewá
Porque Ewá Não Aceita Galinha
Ewá, certa vez indo para o rio
lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio a galinha e
ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa
lavada, tendo Ewá que tornar a lavar. Enraivecida, amaldiçoou a galinha,
dizendo que daquele dia em diante haveria de ficar com os pés espalmados e que
nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Ewá,
galinha não passar nem pela porta.
Ewá - Orixá dos horizontes e
fontes!
Conta-se uma lenda, que Ewá
era esposa de Omulu, e era estéril, não podendo conceder um filho ao seu grande
amado, sofrendo muito por isso.
Em uma bela tarde, a dona dos
horizontes, estava-se a deleitar as margens de um rio, juntamente com suas
serviçais que lavavam vários alás (panos brancos). De repente, surge de dentro
da floresta a figura de uma pessoa, que corria muito e muito assustado.
- Como ousas interromper o
deleite da mulher de Omulu, quem é você? indagou Ewá, sobre a irreverência do
rapaz.
- Ewá! Não era minha intenção
interromper tão sagrado ato, oh! Esposa de Obaluaiê! Porém Ikú (a morte),
persegue-me a vários dias e preciso escapar dela, pois tenho ainda um grande
destino a seguir. Peço sua ajuda Ewá, peço que me escondas para que Ikú não me pegue?!
- Gostei de você e vou
ajudá-lo, esconda-se sobre os alás que minhas serviçais estão a lavar, e eu
despistarei Ikú de seu caminho.
E assim foi feito, o jovem
rapaz pôs a se esconder sobre os panos brancos.
Alguns minutos se passaram, e
eis que aparece Ikú. A morte!
- Como ousas adentrar aos
domínios de minha morada, quem és tu? Pergunta
Ewá com ar de indignada.
- Sou Ikú, e entro onde as
pessoas menos esperam, entro e carrego comigo, dezenas, centenas e até milhares
de pessoas! Porém hoje estou a procurar um jovem rapaz, que esta a me escapar a
dias, você o viu passar por aqui?
Perguntou Ikú para Ewá.
- Eu o vi sim Ikú, ele foi
naquela direção. - Ewá apontava para uma direção totalmente oposta ao das suas
aldeãs, que estavam a esconder o jovem rapaz. Ikú agradeceu e seguiu pelo
caminho indicado. Sendo assim, o rapaz pode se desfazer de seu esconderijo e
agradeceu Ewá.
- Ewá, agradeço sua ajuda,
terei tempo agora, de prosseguir meu caminho. Sou um grande adivinho, e em
sinal de minha gratidão, a partir de hoje presenteio-lhe com o dom da
adivinhação. Ewá agradeceu o presente dado pelo rapaz, que já havia se virado
para ir embora, quando retornou e falou a Ewá.
- Sim eu sei você não pode ter
filhos, pois lhe dou isso também, a partir de hoje poderá ter filhos e alegrar
ao seu marido.
Então Ewá, agradeceu novamente
muito contente e perguntou ao jovem rapaz.
- Qual é seu nome?
E o rapaz respondeu...
- Meu nome é Ifá!
Logum Edé
Logum Edé à filho de Oxossi e
de Oxum. É mulher durante seis meses, vivendo na água, e nos outros seis meses
é homem, vivendo no mato, propicia a caça e a pesca. Quando em seu aspecto feminino,
veste-se com saia cor-de-rosa, usa uma coroa de metal dourado (não o Adé das
rainhas), um arco e uma flecha. Com seu aspecto masculino usa capacete de metal
dourado, capangas, arco e flecha ou espada. Só se veste com cores claras.
Sempre acompanha na dança Oxum e Oxossi.
Um
Orixá essencialmente Ijexá (da Nigéria). Caçador e pescador. Sendo filho de Oxóssi
e Oxum, assume características de ambos. É dito que ele vive metade do ano nas
matas - domínio do pai, comendo caça; e a outra metade nas águas doces -
domínio da mãe, comendo peixe.
No Brasil tem numerosos adeptos.
Logun-Edé é o ponto de encontro entre os rios e florestas, as barrancas, beiras
de rios, e também o vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias quentes
pelas florestas. Logum Edé representa o encontro de naturezas distintas sem que
ambas percam suas características. É filho de Oxossi Inlé com Oxum Yeyeponda.
Assim, tornou-se o amado, doce e respeitado príncipe das matas e dos rios, e
tudo que alimenta os homens, como as plantas, peixes e outros animais, sendo
considerado então o dono da riqueza e da beleza masculina.
É considerado o príncipe dos
orixás. Tem a astúcia dos caçadores e a paciência dos pescadores como
principais virtudes.
Dizem os mitos que sendo
Oxossi e Oxum extremamente vaidosos, não puderam viver juntos, pois competiam
pelo prestígio e admiração das pessoas e terminaram separando-se. Ficou
combinado entre eles que Logun-Edé viveria seis meses nas águas dos rios com
Oxum e seis meses nas matas, com seu pai Oxossi. Ambos ensinariam a Logum Edé a
natureza dos seus domínios. Ele seria poderoso e rico, além de belo.
No entanto, o hábito da
espreita aprendido com seu pai, fez com que, um dia, curioso a respeito da
beleza do corpo de sua mãe, de que tanto se falava nos reinos das águas,
Logun-Edé vestindo-se de mulher fosse espiá-la no banho. Como Oxum estivesse
vivendo seu romance com Xangô, tio de Logum Edé, e Xangô tivesse exigido como
condição do casamento que ela se livrasse de Logum Edé, Oxum aproveitou a
oportunidade para punir Logum Edé com sua transformação num orixá meji
(hermafrodita) e abandoná-lo na beira do rio. Iansã o encontra, e fascinada
pela beleza da criança leva Logum Edé para casa onde, juntamente com Ogum,
passa a criá-lo e educá-lo.
Com Ogum Logun-Edé aprendeu a
arte da guerra e da forja e com Iansã o amor à liberdade. Diz o mito que Logum
Edé tinha tudo, menos amor das mulheres, pois mesmo Iansã, quando roubada de
Ogum por Xangô, abandona Logum Edé com seu tio, criando assim um profundo
antagonismo entre Xangô e Logum Edé, já que por duas vezes Xangô lhe tira a
mãe.
Logum Edé nunca se casou,
devido a seu caráter infantil e hermafrodita e sua companhia predileta é Ewá,
que também vive, como ele, solitária e no limite de dois mundos diferentes.
Possui o conhecimento dos
elementos da natureza, onde reinam seus pais, como florestas, matas, rios,
cachoeiras, etc. Seu próprio domínio está situado nas margens de rios, córregos
e cursos d’água em geral, desde que tenham vegetação, ou seja, o encontro dos
dois reinados.
Na verdade, esse orixá tem
livre acesso aos dois reinados, adquirindo o conhecimento de ambos. Consegue
adaptar-se, com facilidade, aos mais diversos ambientes, agindo e
comportando-se de diferentes formas, dependendo da situação.
Ele herdou, também, muitas das
características de seus pais, como a habilidade de caçar e conseguir fortuna, o
encanto e a beleza, bem como um grande conhecimento de feitiçaria, como sua
mãe. Além desses atributos, é, também, responsável pela fertilização das terras,
através da irrigação, contribuindo, assim, com a agricultura.
Esse orixá possui muita
riqueza e sabedoria, não admitindo a imperfeição em suas oferendas e rituais.
Tem aparência doce e calma, mas, quando contrariado, torna-se muito enfurecido.
Uma outra característica de
Logum Edé é a de importar-se com o sofrimento dos outros, distribuindo riquezas
e caças para os que não têm.
Características
Cor - Azul Celeste
com Amarelo
Fio de Contas - Contas e
Miçangas de Cristal Azul Celeste e Amarelo
Ervas
-
As mesmas de Oxum e Oxossi
Simbolo - Abebê e Ofá
Pontos
da Natureza -
Margens dos rios que ficam na mata.
Flores
e Essências -
As mesmas de Oxum e Oxossi
Pedras
-
Turquesa, Topázio.
Metal
-
Latão e Ouro
Saúde
- problemas
nos órgãos localizados na cabeça, problemas respiratórios
Dias
da Semana –Quinta
–Feira e Sábado
Elementos-
água
e Terra
Saudação
-
Lossi Lossi Logum Edé
Bebidas- As mesmas de
Oxum e Oxossi
Animais
–
Cavalo-marinho
Comidas
–
As mesmas de Oxum e Oxossi
Data
Comemorativa – 19 de Abril
Sincretismo
-
Santo expedito
Incompatibilidades
-
Cor Vermelha ou Marrom, cabeça de bicho, abacaxi
Atribuições
Dá alegria, sorte e beleza;
protege os que trabalham com águas.
Lendas
De Logum Edé
Logum Edé é salvo das águas
Oxum proibiu Logum Edé de
brincar nas águas fundas, pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua
idade. Mas Logum Edé era curioso e vaidoso como os pais. Logum Edé não obedecia
à mãe. Um dia Logum Edé nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona
daquele rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas querelas,
começou a afogar Logum Edé. Oxum ficou desesperada e pediu a Orumilá que lhe
salvasse o filho, que a amparasse no seu desespero de mãe. Orumilá que sempre
atendia à filha de Oxalá retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de
volta à terra. Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores e a todos que
vivessem das águas doces. Alguns dizem que Iansã foi quem retirou Logum Edé da
água e terminou de criá-lo juntamente com Ogum.
Logum Edé - O Orixá da Magia e da
Boa Sorte
Estava Oxossi o rei da caça a
caminhar por um lindo bosque em companhia de sua amada esposa Oxum, dona da
beleza da riqueza e portadora dos segredos da maternidade.
Quando de seu passeio, foi
avistado por Oxum um lindo menino que estava a beira do caminho a chorar,
encontrando-se perdido. Oxum de pronto agrado, acolheu e amparou o
garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre ele,
Oxum e Oxossi. Durante muitos anos Oxum e Oxossi, cuidaram e protegeram-lhe,
sendo que, Oxum procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem
sucesso, resolveu tê-lo como próprio filho. O tempo foi passando e Oxossi,
vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais,
proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e empunhar
o arco e a flecha, ensinou os princípios da fraternidade para com as pessoas e
o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e a ter paciência, a arte e
a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um verdadeiro caçador. Oxum
por sua fez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da
vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver
sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios. Foi batizado
por sua mãe e por seu pai de Logum Edé, o príncipe das matas e o caçador sobre
as águas. Viveu durante anos sobre a proteção de pai e mãe, tornando-se um só,
aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Oxum e a fartura
de Oxossi, adquirindo princípios de um e de outro, tornando-se herdeiro até nos
dias de hoje de tudo que seu pai Oxossi carrega e sua mãe Oxum leva. Esse é
Logum Edé.
Logum Edé ganha domínio dado por
Olorum
No início dos tempos, cada
orixá dominava um elemento da natureza, não permitindo que nada, nem ninguém, o
invadisse. Guardavam sua sabedoria como a um tesouro. É nesse contexto que
vivia a mãe das água doces, Oxum, e o grande caçador Oxossi. Esses dois orixás
constantemente discutiam sobre os limites de seus respectivos reinados, que
eram muito próximos. Oxossi ficava extremamente irritado quando o volume
das águas aumentavam e transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo
alagar toda a floresta.
Oxum argumentava, junto a ele, que sua água era
necessária à irrigação e fertilização da terra, missão que recebera de Olorum.
Oxossi não lhe dava ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com a
inundação. Olorum resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamente
esses reinados, para tentar apaziguá-los. A floresta de Oxossi logo
começou a sentir os efeitos da ausência das águas. A vegetação, que era
exuberante, começou a secar, pois a terra não era mais fértil. Os animais não
conseguiam encontrar comida e faltava água para beber. A mata estava morrendo e
as caças tornavam-se cada vez mais raras. Oxossi não se desesperou, achando que
poderia encontrar alimento em outro lugar. Oxum, por sua vez, sentia-se
muito só, sem a companhia das plantas e dos animais da floresta, mas também não
se abalava, pois ainda podia contar com a companhia de seus filhos peixes para
confortá-la
Oxossi andou pelas matas e
florestas da Terra, mas não conseguia encontrar caça em lugar algum. Em todos
os lugares encontrava o mesmo cenário desolador. A floresta estava morrendo e
ele não podia fazer nada. Desesperado, foi até Olorum pedir ajuda para salvar
seu reinado, que estava definhando. O maior sábio de todos explicou-lhe que a
falta d’água estava matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que
fez foi necessário para acabar com a guerra. A única salvação era a
reconciliação. Oxossi, então, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Oxum,
propondo a ela uma trégua. Como era de costume, ela não aceitou a proposta na
primeira tentativa. Oxum queria que Oxossi se desculpasse, reconhecendo suas
qualidades. Ele, então, compreendeu que seus reinos não poderiam sobreviver
separados, unindo-se novamente, com a benção de Olorum.
Dessa união nasceu um novo
orixá, um orixá príncipe, Logum Edé, que iria consolidar esse
"casamento", bem como abrandar os ímpetos de seus pais. Logum Edé
sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens das águas, onde havia uma
vegetação abundante. Sua intervenção era importante para evitar as cheias, bem
como a estiagem prolongada. Ele procurava manter o equilíbrio da natureza,
agindo sempre da melhor maneira para estabelecer a paz e a
fertilidade. Conta uma outra lenda que as terras e as águas estavam no
mesmo nível, não havendo limites definidos. Logum Edé, que transitava
livremente por esses dois domínios, sempre tropeçava quando passava de um
reinado para o outro. Esses acidentes deixavam Logum Edé muito
irritado. Um dia, após ter ficado seis meses vivendo na água, tentou fazer
a transição para o reinado de seu pai, mas não conseguiu, pois a terra estava muito
escorregadia. Voltou, então, para o fundo do rio, onde começou a cavar
freneticamente, com a intenção de suavizar a passagem da água para a terra. Com
essa escavação, machucou suas mãos, pés e cabeça, mas conseguiu fazer uma
passagem, que tornou mais fácil sua transição. Logum Edé criou, assim, as
margens dos rios e córregos, onde passou a dominar. Por esse motivo, suas
oferendas são bem aceitas nesse local.
Logum Edé Rouba Segredos De Oxalá
Logum Edé era um caçador
solitário e infeliz, mas orgulhoso. Era um caçador pretensioso e ganancioso, e
muitos os bajulavam pela sua formosura. Um dia Oxalá conheceu Logum Edé e o
levou para viver em sua casa sob sua proteção. Deu a ele companhia, sabedoria e
compreensão. Mas Logum Edé queria mais, queria muito mais...
E roubou alguns segredos de
Oxalá. Segredos que Oxalá deixara à mostra, confiando na honestidade de Logum
Edé. O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô. Deu as
costas a Oxalá e fugiu. Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador
que levara seus segredos. Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e
muito calmamente sentenciou que toda a vez que Logum Edé usasse um dos seus
segredos todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
"Que maravilha o milagre
de Oxalá!". Toda a vez que usasse seus segredos alguma arte não roubada ia
faltar.
Oxalá imaginou o caçador sendo
castigado e compreendeu que era pequena a pena imposta. O caçador era presumido
e ganancioso, acostumado a angariar bajulação. Oxalá determinou que Logum Edé fosse
homem num período e no outro depois fosse mulher. Nunca haveria assim de ser
completo. Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça, e noutro tempo,
no rio, comendo peixe. Começar sempre de novo era sua sina. Mas a sentença era
ainda nada para o tamanho do orgulho de Logum Edé. Para que o castigo durasse a
eternidade, Oxalá fez de Logum Edé um orixá.
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