domingo, 28 de outubro de 2012

Tempo/Irôko e Ifá/Orumilá

 
 
 

Tempo /Irôko

Tempo ou Loko é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria, tão importante que ele é um orixá (e os africanos a muito sabem disso).
Tem um dito que diz "O tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a folha vira", muitas vezes precisamos que o tempo nos seja favorável, e outras não, quero dizer, precisamos de tempo curto ou longo, com o bom uso do tempo, muitas coisas se modificam, ou podemos modificar.
Irôko tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns casos violento.
Na Nigéria, Irôko é cultuado numa árvore que tem o mesmo nome. Porém, no Brasil esta árvore foi substituída pela gameleira-branca que apresenta as mesmas características da árvore usada na África. É nesta árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme do orixá pois suas raízes são fortes, firmes e profundas.
Irôko foi associado ao vodun daomeano Loko dos negros de dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.
Irôko, na verdade, é o orixá dos bosques nigerianos, onde lá na Nigéria é muito temido, porque como conta um itan, ninguém se atrevia a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo. No Brasil, é nos pés da gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali que são oferecidas suas oferendas.
Sua cor é o branco e ainda usa palha da costa em sua vestimenta. Sua comida é o ajabó, o caruru, feijão fradinho, o deburu, o acaçá, o ebô e outras.
Em geral na frente das grandes casas de Candomblé, principalmente em Salvador, existe uma grande árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande Alá (pano branco), este é Iroko, que é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé, pois ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e poder. 
Este orixá é conhecido na angola como Maianga ou Maiongá.
 
Lendas Dos Orixás

Iroko Castiga A Mãe Que Não Lhe Dá O Filho Prometido

No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Irôco, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Irôco, morava seu espírito. E o espírito de Irôco era capaz de muitas mágicas e magias. Irôco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Irôco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de Irôco. Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face. Suplicaram a Irôco, pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca. As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar. Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Irôco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Irôco suas prendas. Em torno do tronco de Irôco depositaram suas oferendas. Assim Irôco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. Mas um belo dia passava Olurombi pelas imediações do Irôco, entretida que estava vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. Disse Irôco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionadas em minha copa." E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Irôco para ali viver para sempre.
Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Irôco. Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido.”.
Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Irôco. Ele tinha que salvar sua mulher! Mas como, se amava tanto seu pequeno filho? Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Irôco, levou-o para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos. Quando pronto, ele levou o menino de pau a Irôco e o depositou aos pés da árvore sagrada. Irôco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava! E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria.
Irôco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente. Irôco estava feliz. Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Irôco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa. Alguns dias depois, os três levaram para Irôco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore. Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam oferendas a Irôco. Porque Irôco dá o que as pessoas pedem. E todos dão para Irôco o prometido.

Iroko Ajuda A Feiticeira A Vingar O Filho Morto

 Irôco era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era uma mulher normal. Irôco e suas irmãs vieram juntos do Orun para  habitar no Aiê. Irôco foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.
Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí. Foi então que  os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que seus filhos insistiam em comer. Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Irôco. Irôco a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje. E de lá, Irôco vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí. Desesperada com a perda de metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Irôco. Deu-lhe um cabrito e outras coisas e mais um cabrito para Exú. Irôco aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos.

Irôco Engole A Devota Que Não Cumpre A Interdição Sexual

Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro.  Ela foi consultar o babalaô e o babalaô lhe disse como proceder: Ela deveria ir à árvore de Irôco e a oferecer um sacrifício, comidas e bebidas. Com panos vistosos ela fez laços e enfeitou o pé de Irôco. Aos seus pés depositou o seu ebó. Fez tudo como mandara o adivinho, mas de importante preceito ela se esqueceu. Ela deu tudo a Irôco, ou, quase tudo. Ela esqueceu que o babalaô mandara que nós três dias antes do ebó ela deixasse de ter relações sexuais. Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada.
Irôco irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase  totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros e a cabeça. A mulher gritava feita louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Irôco. Todos assistiam o desespero da mulher. O babalaô foi também até a árvore e fez seu jogo, e o jogo revelou sua ofensa, sua oferta com o corpo sujo. Mas a mulher estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram de alegria. Todos deram vivas a Irôco. Tempos depois a mulher percebeu que estava grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou  agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para ter o corpo limpo. Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalaô e ele leu o futuro da criança: deveria ser iniciada para Irôco. Assim foi feito e Irôco teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam oferendas.
 
Orumilá /Ifá
A importância de Orumilá é tão grande que chegamos a concluir que se um homem fizer algum tipo de pedido ao todo poderoso Olorum (Deus, o Senhor dos Céus), esse pedido só poderá chegar até Ele através de Orumilá e/ou Exú, que são somente eles dois dentre todos os Orixá os que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido pôr Olorum de estar junto a Ele, quando assim for necessário.
Ainda vale ressaltar que somente Orumilá e Exú possuem para si um culto individual, onde são feitos adorações totalmente específicas para os mesmos, também são eles os únicos que podem possuir para somente o seu culto um sacerdote específico. Isso só é possível pôr causa dos poderes delegados pelo todo poderoso a eles, pois os demais Orixá são totalmente dependentes de Ifá e Exú, enquanto que eles não dependem de nenhum dos Orixás para desenvolverem sua própria evolução, ou seja, o culto à Ifá e Exú não dependem do culto aos Orixá, entretanto o culto aos Orixá dependem totalmente de Ifá e Exú.
Orumilá é o senhor dos destinos, é quem rege os o plano onírico (sonhos), é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Olorum, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é o regente responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Odudua na criação e fundação de Ilé Ìfé, é normalmente chamado em suas preces de:
Elérí Ìpín - "o testemunho de Deus''
Ibìkéjì Olódúmarè - "o vice de Deus"
Gbàiyégbòrún - "aquele que está no céu e na terra"
Òpitan Ìfé - "o historiador de Ìfé"
Acredita-se que Olorum passou e confiou de maneira especial toda a sabedoria e conhecimento possível, imaginável e existente entre todos os mundos habitados e não habitados à Orumilá, fazendo com que desta forma o tornasse seu representante em qualquer lugar que estivesse.
Na Terra, Olorum fez com que Orumilá participasse da criação da terra e do homem, fez com que ele auxiliasse o homem a resolver seus problemas do dia a dia, também fez com que ajudasse o homem a encontrar o caminho e o destino ideal de seu orì. No Céu lhe ensinou todos os conhecimentos básicos e complementares referentes a todos os Orixá, pois criou um elo de dependência de todos perante Orumilá, todos devem consultá-lo para resolver diversos problemas, com pôr exemplo, a vinda de Oxalá à terra para efetuar a criação de tudo aquilo que teria vida na mesma, porém o grande Orixá não seguiu as orientações prescritas pôr Ifá, e não conseguiu cumprir com sua obrigação caindo nas travessuras aplicadas pôr Exú, ficando esta missão pôr conta de Odudua.
Também Orumilá fala e representa de maneira completa e geral todos os Orixás, auxiliando pôr exemplo, um consulente no que ele deve fazer para agradar ou satisfazer um determinado Orixá, obtendo desta forma um resultado satisfatório para o Orixá e para o consulente.
Orumilá sabe e conhece o destino de todos os homens e de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele está presente no ato da criação do homem e sua vinda a terra, e é neste exato instante que Ifá determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr aquele determinado espírito.
É pôr isso que Orumilá tem as respostas para toda e qualquer pergunta lhe é feita, e que ele têm a solução para todo e qualquer problema que lhe é apresentado, e é pôr esta razão que ele tem o remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, pôr mais impossível que pareça ser a sua cura.
Todos nós deveríamos consultar Ifá antes de tomarmos qualquer atitude e decisão em nossas vidas, com certeza iríamos errar menos, os Iorubás consultam Ifá antes de tomarem qualquer decisão, com pôr exemplo, antes de um casamento, antes de um noivado, antes do nascimento e até mesmo na hora de dar o nome a criança, antes da conclusão de um negócio, antes de uma viagem, etc.
Além disto, tudo, Orumilá é também quem tem a vida e a morte em suas mãos, pois ele é a energia que esta mais atuante e mais próxima de Olorum, podendo ele ser a única entidade que tem poderes para suplicar, pedir ou implorar a mudança do destino de uma pessoa.
Não é Orixá, encontra-se num plano mítico e simbólico superior ao dos outros orixás. Se Olorum é o ser supremo dos Iorubás, o nome que dão ao Absoluto, Orumilá é a sua emanação mais transcendente, mais distanciada dos acontecimentos do mundo sub-lunar.
Na tradição de Ifé é o primeiro companheiro e "Chefe Conselheiro" de Odudua quando da sua chegada à Ifé. Outras fontes dizem que ele estava instalado em um lugar chamado Òkè Igèti antes de vir fixar-se em Òkè Itase, uma colina em Ifé onde mora Àràbà, a mais alta autoridade em matéria de adivinhação, pelo sistema chamado Ifá. É também chamado Àgbónmìrégún ou Èlà. É o testemunho do destino das pessoas.
Os babalaôs (pais do segredo) são os porta vozes de Orumilá. A iniciação de um babalaô não comporta a perda momentânea de consciência que acompanha a dos orixás. É uma iniciação totalmente intelectual. Ele deve passar um longo período de aprendizagem, de conhecimentos precisos, em que a memória, principalmente, entra em jogo. Precisa aprender uma quantidades de Itans (histórias) e de lendas antigas, classificadas nos duzentos e cinqüenta e seis odú (signos de Ifá), cujo conjunto forma uma espécie de enciclopédia oral dos conhecimentos do povo de língua Iorubá.
Cada indivíduo nasce ligado a um Odu, que dá a conhecer sua identidade profunda, servindo-lhe de guia por toda vida, revelando-lhe o Orixá particular, ao qual deverá ser eventualmente dedicado. Ifá é sempre consultado em caso de dúvida, antes de decisões importantes, nos momentos difíceis da vida.
 
 
 
 
 
 
 Muita Luz!
 
 
 
 
 

sábado, 27 de outubro de 2012

IBEIJIS E PRETOS VELHOS

 


IBEIJI
 

Ibeiji, o único Orixá permanentemente duplo. É formado por duas entidades distintas e sua função básica é indicar a contradição, os opostos que coexistem. Num plano mais terreno, por ser criança. A ele é associado a tudo o que se inicia: a nascente de um rio, o germinar das plantas, o nascimento de um ser humano.

No dia de Ibeiji, 27 de setembro (o mesmo de Cosme e Damião, com quem são sincretizados), é costume as casas de culto abrirem suas portas e oferecerem mesas fartas de doces e comidas para as crianças, elevadas à condição de representantes na terra do Orixá.

Regem a falange das crianças que trabalham na Umbanda 

 

Características 

Cor - Rosa e azul (branco colorido)

Fio de Contas - No Candomblé, contas e miçangas leitosas coloridas.

Símbolo – Gêmeos

Ervas - jasmim, alecrim, rosa

Pontos da Natureza - Jardins, praias, cachoeiras, matas...

Flores - Margaridas, rosa mariquinha.

Essências - De Frutas

Pedras – Quartzo Rosa

Metal – Estanho

Saúde - Alergias, anginas, problemas de nariz, raquitismo, acidentes.

Planeta – Mercúrio

Dia da Semana – Domingo

Elemento – Fogo

Chakra - Todos, especialmente o Laríngeo

Saudação - Oni Beijada

Bebidas - Guaraná (Suco de frutas, água de coco, água com mel, água com açúcar, caldo de cana)                                                                                                                        Animais - Animais de estimação.

Número – 2

Comidas - Caruru, doces e frutas.

Data Comemorativa – 27 de Setembro e 12 de Outubro

Sincretismo - São Cosme e São Damião

Incompatibilidades - Coisas de Exu. Morte, Assovio.
 

Atribuições

Zelar pelo Parto e Infância. Promover o amor (união).
 

Lendas De Ibeiji 

Como Os Irmãos Ibeiji Viraram Orixá


Existia num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam doces balas e brinquedos. Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado. Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe. O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do seu irmão, pedia sempre a Orumilá que o levasse para perto do irmão. Sensibilizado pelo pedido, Orumilá resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.

 

 
 

Pretos-Velhos

 
Formação da Falange dos Pretos-Velhos na Umbanda
 
Depois de mortos,os nossos irmãozinhos escravos, trazidos a força de sua Patria, África, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos das tribos a que pertenciam.
Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores, mas no Candomblé, são considerados Eguns (almas desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na Umbanda. Usam branco ou preto e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.
O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).  
O Nomes dos Pretos-Velhos
Há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto-Velho ser uma miscelânea de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que cognominamos "A Idade das Trevas" no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas e quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à influência portuguesa) não permitiam a seus escravos a liberdade de culto. Eram obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles seguiram a velha norma: contra a força não  há resistência, só a inteligência vence. Faziam seus rituais às ocultas, deixando que os déspotas em miniatura acreditassem estar eles doutrinados para o catolicismo, cujas cerimônias assistiam forçados.
 
As crianças escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A primeira, ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de acordo com a seita. A segunda vez, na pia batismal católica, sendo esta obrigatória e nela a criança recebia o primeiro nome dado pelo seu senhor, sendo o sobrenome composto de cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Ex.: Antônio da Coroa Grande), ou então da região africana de onde vieram (Ex.: Joaquim D'Angola).
O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência, compreensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.
No mundo espiritual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é o conselho.  É devido a esse fator que carinhosamente dizemos que são os "Psicólogos da Umbanda". 
Eis aqui, como exemplo, o nome de alguns Pretos-Velhos:
Pai Cambinda (ou Cambina), Pai Roberto, Pai Cipriano, Pai João ,Pai Congo, Pai José D'Angola, Pai Benguela, Pai Jerônimo, Pai Francisco, Pai Guiné, Pai Joaquim, Pai Antônio, Pai Serafim, Pai Firmino D'Angola, Pai Serapião, Pai Fabrício das Almas, Pai Benedito, Pai Julião, Pai Jobim, Pai Jobá, Pai Jacó, Pai Caetano, Pai Tomaz, Pai Tomé, Pai Malaquias, Pai Dindó, Vovó Maria Conga, Vovó Manuela, Vovó Chica, Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Ana, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra, Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita.  
Obs: Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais “velhos” do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia).  
Atribuições
Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os conceitos de karma e ensinar-lhes resignação
Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos Pretos-Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo-forma.
Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram as formas de um Pretos-Velhos.
Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: "então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece???".
Esses espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita comunicação com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda. O espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um Preto-Velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
Por isso, se você for falar com um Preto-Velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
Para muitos os Pretos-Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também combatem as forças negativas (o mal), espíritos obssessores e kiumbas.
 
A Mensagem dos Pretos-Velhos
A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.
Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".
Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos...
Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.
Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida:
"Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai Cipriano). 
Características:    
Linha e Irradiação
Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na irradiação de um Orixá diferente. 
Fios de Contas (Guias)
Muitos dos Pretos-Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário de Nossa Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda. 
Roupas
Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às vezes usam lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu de palha. 
Bebida
Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).  
Dia da semana: Segunda-feira
Chakra atuante: básico ou sacro
Planeta regente: Saturno
Cor representativa: preto e branco;
Saudação: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com “Adorei as Almas”)
Fumo: cachimbos ou cigarros de palha.
 
Obs: Os Pretos-Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.
Cozinha Ritualística 
Tutu de feijão preto  
Mingau das almas
É um mingau feito de maizena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem açúcar ou sal, colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita de fitas pretas sobre esse mingau, antes de entregá-lo na natureza.
Bolinhos de tapioca
Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água quente (ou leite de coco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os bolinhos em forma de croquete e passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha.
Colocar os bolinhos em prato de louça branca podendo acrescentar arruda, rapadura, fumo de rolo, etc.
 
Obs: Nas sessões festivas de Pretos-Velhos, é usual servir a tradicional feijoada completa, feita de feijão preto, miúdos e carne salgada de boi, acompanhada de couve à mineira e farofa. 
Formas Incorporativas E Especialidade Dos Pretos-Velhos:
Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito.  A vibração começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão.  Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá, etc...) e depois sentam e praticam sua caridade (Podemos encontrar alguns que se mantém em pé).
É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, e apenas com movimentos dos ombros quando sentados.
Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar.  Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas. 
A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mas diferenças ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.
Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás: 
 Pretos-Velhos De Ogum
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.
São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.
São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e     dando segurança para aqueles indecisos e "medrosos".  É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso. 
Pretos-Velhos De Oxum
São mais lentos na forma de incorporar e até falar.  Passam para o médium uma serenidade inconfundível.
Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado.
São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior.  As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.
 
PAZ E HARMONIA!