domingo, 1 de junho de 2014

A HISTÓRIA DAS RELIGIÕES


A HISTÓRIA DAS RELIGIÕES

 

  ÉDOUARD  SCHURÉ

 

“É por seus frutos que vós os julgareis”, disse Jesus. Esta sentença do Mestre dos Mestres se aplica tanto às Doutrinas como aos Homens. Sim este pensamento se impõe: ou a verdade é para todos o sempre inacessível ao homem, ou em grande escala as possuíram os grandes sábios os  iniciados da Terra. Ela se encontra pois, no fundo de todas as grandes Religiões e nos Livros Sagrados de todos os povos. É preciso somente, saber encontra-la aí e separa-la de tudo mais.

Toda Religião têm uma história exterior e uma interior; uma aparente, outra oculta. Por história exterior entendo os dogmas e os mitos ensinados publicamente nos templos e nas escolas, reconhecidos no culto e as superstições populares. Por historia interior, entendo a ciência profunda, a doutrina secreta, a ação oculta dos grandes iniciados, profetas ou reformadores que criaram, sustentaram, propagaram estas mesmas religiões. A primeira a história oficial, aquela que lê por toda parte e circula às claras; entretanto, ela é obscura, confusa, contraditória. A segunda que chamo de tradição esotérica ou Doutrina dos Mistérios, é bastante difícil de discernir, pois ela se passa no fundo dos templos nas confrarias secretas, e seus dramas mais surpreendentes se desenrolam inteiramente no mais profundo das almas dos Grandes Profetas, os quais não confiaram suas crises supremas ou seus êxtases divinos a nenhum pergaminho e a também a nenhum de seus discípulos. É preciso adivinha-la. Todavia, uma vez que se consegue vislumbra-la, ela aparece luminosa, orgânica, sempre em harmonia consigo mesma.

Para a Raça Ariana, o germe e o núcleo se encontram nos Vedas. Sua primeira cristalização histórica aparece na Doutrina Trinaria de Krishna, que dá ao Bramanismo seu poder, à Religião da Índia seu cunho indelével. Buda que segundo a cronologia dos Brâmanes seria posterior a Krishna cerca de dois mil e quatrocentos anos, não fez senão revelar uma outra face da Doutrina oculta, a metamorfose e da série das existências encadeadas pela Lei do Carma. Ainda que o Budismo tenha sido uma revolução democrática social e moral contra o Bramanismo aristocrático e sacerdotal, seu fundo Metafísico é o mesmo, embora menos completo.

No Egito, as tradições remontam a uma Civilização muito anterior à aparição da Raça Ariana no cenário da História. Há muito pouco tempo, podia-se supor que o Monismo Trinitário, exposto nos Livros Gregos de Hermes Trimegisto, seria uma compilação da Escola de Alexandria sob a dupla influência Judaica - Cristã e neoplatônica. De comum acordo, crentes ou incrédulos, historiadores e teólogos, até recentemente, sempre defenderam essa teoria. Já há algum tempo, essas ideias sucumbiram diante das descobertas da Epigrafia Egípcia. A autenticidade fundamental dos Livros de Hermes, como documentos da antiga sabedoria do Egito, ressalta triunfante dos hieróglifos explicados. As inscrições das Colunas de Tebas e de Mênfis não somente confirmam toda cronologia de Maneton, mas também demonstram que os Sacerdotes de ÂMON - RÁ, PROFESSAVAM A ALTA METAFÍSICA, QUE SE ENSINAVA DE OUTRAS MANEIRAS ÁS MARGES DO Gangues. Pode-se dizer aqui, com o profeta Hebreu, que “a Pedra fala e o muro lança seu grito”. Pois semelhante ao “Sol da Meia noite” que reluziu nos Mistérios de ISIS E DE OSIRES, o pensamento de Hermes, a Antiga Doutrina do Verbo Solar se reascendeu nos túmulos dos Reis e brilha até nos Papiros do Livro dos Mortos, guardados pelas múmias de quatro mil anos.

Na Grécia, o pensamento Esotérico é, ao mesmo tempo, mais visível e mais oculto do que em qualquer outro lugar; mais visível porque se reflete através da Mitologia humana e encantadora; porque corre como um sangue ambrosiano nas veias desta civilização e jorra por todos os poros de seus Deuses como um perfume e um orvalho celeste. Por outro lado, o pensamento profundo e científico, que presidiu à concepção de todos estes mitos, muitas vezes é mais difícil de se penetrar por causa de sua própria sedução e dos ornamentos a eles acrescentados pelos poetas e um pouco fantasista de Platão.

A Tradição oculta de Israel, que procede ao mesmo tempo do Egito, da Caldéia e da Pérsia, nos foi conservado sob formas bizarras se obscuras, mas em toda sua profundidade e extensão pela Kabala ou tradição oral, depois pelo Sohar e o Sépher Jézirah, atribuído a Simão Bem Jochai. Misteriosamente oculta na Gênese e no simbolismo dos Profetas, ela sobressai de maneira assustadora no admirável trabalho de Fabre D’Olivet sobre a Língua Hebraica Restituída, que tende a reconstruir a verdadeira cosmogonia de Moisés, conforme método Egípcio de acordo com o tríplice sentido de cada versículo e quase de cada palavra dos dez primeiros capítulos do Gênese.

Quanto ao Esoterismo Cristão, ele brilha por si mesmo nos Evangelhos iluminados pelas tradições Essenianas e Gnósticas. Ele jorra como uma fonte viva da palavra de Cristo, de suas parábolas, do mais profundo daquela Alma incomparável e verdadeiramente Divina. Ao mesmo tempo, o Evangelho de São João no dá as chaves do ensinamento íntimo e superior de Jesus, com o sentido e o alcance de sua promessa. Encontramos aí a Doutrina da Trindade e do Verbo Divino, já ensinado há milênios nos templos do Egito e da Índia, porém reforçadas , personificada pelo Príncipe dos Iniciados, pelo Maior Filho de Deus.

Namastê

 

A seguir: As quatro categorias da Teosofia, antiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário