A HISTÓRIA DAS
RELIGIÕES
ÉDOUARD
SCHURÉ
“É por seus
frutos que vós os julgareis”, disse Jesus. Esta sentença do Mestre dos Mestres
se aplica tanto às Doutrinas como aos Homens. Sim este pensamento se impõe: ou
a verdade é para todos o sempre inacessível ao homem, ou em grande escala as possuíram
os grandes sábios os iniciados da Terra.
Ela se encontra pois, no fundo de todas as grandes Religiões e nos Livros
Sagrados de todos os povos. É preciso somente, saber encontra-la aí e separa-la
de tudo mais.
Toda Religião têm
uma história exterior e uma interior; uma aparente, outra oculta. Por história
exterior entendo os dogmas e os mitos ensinados publicamente nos templos e nas
escolas, reconhecidos no culto e as superstições populares. Por historia
interior, entendo a ciência profunda, a doutrina secreta, a ação oculta dos
grandes iniciados, profetas ou reformadores que criaram, sustentaram,
propagaram estas mesmas religiões. A primeira a história oficial, aquela que lê
por toda parte e circula às claras; entretanto, ela é obscura, confusa, contraditória.
A segunda que chamo de tradição esotérica ou Doutrina dos Mistérios, é bastante
difícil de discernir, pois ela se passa no fundo dos templos nas confrarias
secretas, e seus dramas mais surpreendentes se desenrolam inteiramente no mais
profundo das almas dos Grandes Profetas, os quais não confiaram suas crises
supremas ou seus êxtases divinos a nenhum pergaminho e a também a nenhum de
seus discípulos. É preciso adivinha-la. Todavia, uma vez que se consegue
vislumbra-la, ela aparece luminosa, orgânica, sempre em harmonia consigo mesma.
Para a Raça
Ariana, o germe e o núcleo se encontram nos Vedas. Sua primeira cristalização histórica
aparece na Doutrina Trinaria de Krishna, que dá ao Bramanismo seu poder, à
Religião da Índia seu cunho indelével. Buda que segundo a cronologia dos
Brâmanes seria posterior a Krishna cerca de dois mil e quatrocentos anos, não
fez senão revelar uma outra face da Doutrina oculta, a metamorfose e da série
das existências encadeadas pela Lei do Carma. Ainda que o Budismo tenha sido
uma revolução democrática social e moral contra o Bramanismo aristocrático e
sacerdotal, seu fundo Metafísico é o mesmo, embora menos completo.
No Egito, as
tradições remontam a uma Civilização muito anterior à aparição da Raça Ariana
no cenário da História. Há muito pouco tempo, podia-se supor que o Monismo
Trinitário, exposto nos Livros Gregos de Hermes Trimegisto, seria uma compilação
da Escola de Alexandria sob a dupla influência Judaica - Cristã e neoplatônica.
De comum acordo, crentes ou incrédulos, historiadores e teólogos, até recentemente,
sempre defenderam essa teoria. Já há algum tempo, essas ideias sucumbiram
diante das descobertas da Epigrafia Egípcia. A autenticidade fundamental dos
Livros de Hermes, como documentos da antiga sabedoria do Egito, ressalta
triunfante dos hieróglifos explicados. As inscrições das Colunas de Tebas e de
Mênfis não somente confirmam toda cronologia de Maneton, mas também demonstram
que os Sacerdotes de ÂMON - RÁ, PROFESSAVAM A ALTA METAFÍSICA, QUE SE ENSINAVA
DE OUTRAS MANEIRAS ÁS MARGES DO Gangues. Pode-se dizer aqui, com o profeta
Hebreu, que “a Pedra fala e o muro lança seu grito”. Pois semelhante ao “Sol da
Meia noite” que reluziu nos Mistérios de ISIS E DE OSIRES, o pensamento de
Hermes, a Antiga Doutrina do Verbo Solar se reascendeu nos túmulos dos Reis e
brilha até nos Papiros do Livro dos Mortos, guardados pelas múmias de quatro
mil anos.
Na Grécia, o
pensamento Esotérico é, ao mesmo tempo, mais
visível e mais oculto do que em qualquer outro lugar; mais visível porque se
reflete através da Mitologia humana e encantadora; porque corre como um sangue
ambrosiano nas veias desta civilização e jorra por todos os poros de seus
Deuses como um perfume e um orvalho celeste. Por outro lado, o pensamento
profundo e científico, que presidiu à concepção de todos estes mitos, muitas
vezes é mais difícil de se penetrar por causa de sua própria sedução e dos
ornamentos a eles acrescentados pelos poetas e um pouco fantasista de Platão.
A Tradição oculta de Israel,
que procede ao mesmo tempo do Egito, da Caldéia e da Pérsia, nos foi conservado
sob formas bizarras se obscuras, mas em toda sua profundidade e extensão pela
Kabala ou tradição oral, depois pelo Sohar e o Sépher Jézirah, atribuído a
Simão Bem Jochai. Misteriosamente oculta na Gênese e no simbolismo dos
Profetas, ela sobressai de maneira assustadora no admirável trabalho de Fabre D’Olivet
sobre a Língua Hebraica Restituída, que tende a reconstruir a verdadeira
cosmogonia de Moisés, conforme método Egípcio de acordo com o tríplice sentido
de cada versículo e quase de cada palavra dos dez primeiros capítulos do Gênese.
Quanto ao Esoterismo
Cristão, ele brilha por si mesmo nos Evangelhos iluminados pelas tradições
Essenianas e Gnósticas. Ele jorra como uma fonte viva da palavra de Cristo, de
suas parábolas, do mais profundo daquela Alma incomparável e verdadeiramente
Divina. Ao mesmo tempo, o Evangelho de São João no dá as chaves do ensinamento
íntimo e superior de Jesus, com o sentido e o alcance de sua promessa.
Encontramos aí a Doutrina da Trindade e do Verbo Divino, já ensinado há milênios
nos templos do Egito e da Índia, porém reforçadas , personificada pelo Príncipe
dos Iniciados, pelo Maior Filho de Deus.
Namastê
A seguir: As quatro
categorias da Teosofia, antiga.
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