Os Ciganos
Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga
dentro da Umbanda.
Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do
mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles
espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, preservando
os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de
ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no
universo astral seu paradeiro. O povo cigano designado ao encarne na Terra,
através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu
conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual,
tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior
evolução espiritual.
Existe uma argumentação de que espíritos ciganos não
deveriam falar por não ciganos, ou por médiuns não ciganos; e, que se assim o
fizessem, deveriam fazê-lo no idioma próprio de seu povo. Isso é totalmente
descabido e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade e
sua doutrina evangélica, limitações que se pretende implantar com essa
afirmação na evolução do espírito humano, pretendendo carregar para o universo
espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que levaria grande
prepotência discriminatória.
Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento,
suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado
de outras correntes e falanges.
Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam
em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não
trabalhando a serviço do mal e trazendo uma contribuição inesgotável aos
Homens, claro que dentro do critério de merecimento. Tanto quanto qualquer
outro espírito teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se
encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes
de nenhum outro espírito humano.
Aqueles que trabalham na vibração de Exu, são os Exus
Ciganos e as Pombo-Gira Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz
nas trevas, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de
força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça
divina, com suas falanges e trabalhadores.
Embora encontremos no plano positivo falanges chefiadas
por ciganos em planos de atuação diversos, o tratamento religioso não se difere
muito e se mantêm dentro de algumas características gerais.
Trabalham dentro da parte espiritual da Umbanda com uma
vibração oriental com seus trajes típicos e graciosos, com sua cultura de
adivinhações através das cartas, leituras das mãos, numerologia, bola de
cristal e as runas. Dentro os mais
conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick,
Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como
Esmeralda, Carmem, Salomé, Carmencita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores,
Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também.
É importante que se esclareça, que a vinculação
vibratória e de axé dos espíritos ciganos, tem relação estreita com as cores
estilizadas no culto e também com os incensos, prática muito utilizada entre
ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem
sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação é
utilizada para velas em seu louvor.
Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de
acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.
Quando
se tratar de espírito cigano, com certeza ele indicará o incenso de sua
preferência ou de sua necessidade naquele momento, regra geral o incenso mantêm
sempre correspondência com a área de atuação dele ou dela ou do trabalho que
estará sendo levado a efeito. Quando se tratar de oferendas e já não estiver
estipulado o incenso certo para acompanhar e houver sua necessidade solicitada,
bem como nas consagrações o incenso que deve acompanhar deverá sempre ser o de
maior correspondência com o próprio cigano ou cigana. No caso de uma oferenda
normal e tão somente necessária para manutenção, agrado ou tratamento sugere-se
o incenso espiritual ou de rosa, que mantém efeito de evocação de leveza, de
elevação ou mesmo de louvação espiritual.
Religião
Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas
divindades. Eles possuíam na sua língua apenas uma palavra para designar Deus
(Del, Devel). Eles se adaptaram facilmente às religiões dos países onde
permaneceram. No mundo bizantino, tornaram-se cristãos. Já no início do século
XIV, em Creta, praticavam o rito grego. Nos países conquistados pelos turcos,
muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto que outros renderam-se ao Islã.
Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam ser cristãos e
se conduziam como peregrinos.
A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos
referimos aos ciganos, é a de Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue
(sul da França). Antigamente era chamada de Notres-Dames-de-la-Mer. Mas não foi
provado que, sob o Antigo Regime, os ciganos tenham tomado parte na grande
peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão popular desde a descoberta no tempo
do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e de Santa Maria Salomé, que
surgiram milagrosamente em uma praia vizinha.
Nem que já venerassem a serva das santas Marias, Santa
Sara a Egípcia, que eles anexarão mais tarde como sua compatriota e padroeira.
A origem do culto de Santa Sara permanece um mistério e
foi provavelmente na primeira metade do século XIX que os Boêmios criaram o
hábito da grande peregrinação anual à Camargue.
Muitas ciganas que não conseguiam ter filhos faziam
promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em
Saintes-Maries-de-La-Mer no Sul da França, fariam uma noite de vigília e
depositariam em seus pés como oferenda um Diklô, o mais bonito que
encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas
receberam esta graça.
Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo
Cigano, sendo festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio. Segundo o livro
oráculo (único escrito por uma verdadeira cigana) "Lilá Romai: Cartas
Ciganas", escrito por Mirian Stanescon - Rorarni, princesa do clã
Kalderash, deve ter nascido deste gesto de Sara Kali a tradição de toda mulher
cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário: a
prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se
diz: "Dalto chucar diklô" (Te darei um bonito lenço). Além de trazer
saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las
diante da dificuldade de engravidar.
Música e Dança
Quando os ciganos deixaram o Egito e a Índia, eles
passaram pela Pérsia, Turquia, Armênia, chegando até a Grécia, onde
permaneceram por vários séculos antes de se espalharem pelo resto da Europa. A
influência trazida do oriente é muito forte na música e na dança cigana. A
música e a dança cigana possuem influência hindu, húngaro, russo, árabe e
espanhol. Mas a maior influência na música e na dança cigana dos últimos
séculos é sem dúvida espanhola, refletida no ritmo dos ciganos espanhóis que
criaram um novo estilo baseado no flamenco. Alguns grupos de ciganos no Brasil
conservam a tradicional música e dança cigana húngara, um reflexo da música do
leste europeu com toda influência do violino, que é o mais tradicional símbolo
da música cigana. No Brasil, a música mais tocada e dançada pelos ciganos é a
música Kaldarash, própria para dançar com acompanhamento de ritmo das mãos e
dos pés e sons emitidos sem significação para efeito de acompanhamento. Essa
música é repetida várias vezes enquanto as moças ciganas dançam.
Exibem sua dança, bailando ao som dos violinos e acordeões.
Assim são as graciosas e faceiras ciganas, que encantam com seus mistérios, com
suas saias rodadas, seus lenços coloridos, pandeiros enfeitados com fitas e
suas castanholas.
Os ciganos dançam com seu porte elegante, transmitindo a
todos serenidade e dignidade. Seu ritual é a dança do fogo, bailando ao redor
da fogueira até o dia amanhecer, transmitindo a todos sua alegria e proteção de
sua padroeira Santa Sara Kali, que faz da liberdade sua religião.
Comidas
Ciganas
Armiana
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Salada de alface (em rodelas)
com champignon; queijo de cabra, cenoura, beterraba (em pedaços) e berinjela
frita (em tiras). Enfeitada com uvas-passas, raminhos de hortelã e pétalas de
flores.
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Assados
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Pernil de carneiro
(Bakró); Pernil de leitão (Baló); Cabrito frito com arroz e brócolis (ou
lentilha ou nozes); e/ou roletes de carne bovina ou frango com pedaços de
cebola, pimentão (verde e amarelo) e tomate.
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Brynza
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Queijo de cabra (cru ou
frito).
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Chivuiza
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Destilado à base de
trigo (espécie de aguardente).
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Civiaco
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Torta salgada ou doce.
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Manouche
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Feijões vermelhos
grandes, pedaços de carne e de ossos de pernil de porco, alhos-porós em
pedaços, salsão com as folhas em pedaços, alhos comuns inteiros com casca,
cenouras e batatas cortadas em pedaços grandes, sal e pimenta-do-reino (moída
na hora) à gosto; arroz branco que deve ser incorporado na última etapa do
cozimento.
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Goulash
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Cozido de arroz, batata,
pedaços de carne bovina e páprica ardida.
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Malay
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Pão de milho.
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Manrô/Lolako
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Pão redondo de Farinha
de Trigo.
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Mamalyga
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Polenta.
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Naut
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Grão de Bico com linguiça.
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Paprikach
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Costela defumada (bovina
ou suína) e bacon ao molho vermelho de tomate e pimentão com batatas
pequenas, cozidas (na casca) e páprica doce.
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Papuchá
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Pirão de Milho.
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Sifrite
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Ponche de Frutas com
Champanhe, Vinho e/ou refrigerante. Enfeitar com pétalas de rosa
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Sarmá
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Arroz com lentilha,
carne seca desfiada e nozes.
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Sarmy/Salmava
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Charutos ou Rolinhos
feitos em folhas de repolho recheados com lombo ou carne bovina moída,
azeitonas, bacon e molho dourado; e/ou em folha de uva com recheio de
bacalhau.
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Varensky
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Pastel cozido podendo
ser doce (recheado com uva) ou salgado (recheado com batata ou queijo de
cabra).
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Tchaio/Kavi
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Chá Cigano feito com Chá
Preto ou Mate com pedaços de frutas (maçã: felicidade; uva fresca:
prosperidade; uva passa ou ameixa: progresso; morango: amor; damasco:
sensualidade; pêssego: equilíbrio pessoal; limão: energia positiva e
purificação da alma). Fazer o chá em água fervente e deixar amornar. Colocar
as frutas maceradas, misturar bem, coar e beber.
|
Para o cigano de trabalho, se possível, deve-se manter um
altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultuá-lo
no altar normal. Devendo esse altar manter sua imagem, o incenso apropriado,
uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do
cigano, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre
com vela branca ou da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de
ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce (ou outra bebida de sua
preferência).
Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas
devem acontecer com bastante frutas, todas que não levem espinhos de qualquer
espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel. Podendo
ainda fatiar pães do tipo broa, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas
as cores e se possível incenso de lótus.
As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o
baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música,
moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em
geral. Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por
força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus
olhos.
É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas
antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta,
cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de prata, cestas de
vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas
em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua...”
Povo Cigano
Os ciganos são verdadeiros andarilhos, livres e alegres.
Sua origem é indiana, mas surgem dos mais variados lugares com uma descendência
infinita, ao ponto em que seria impossível de citar todas. Os mais conhecidos
vieram da Espanha, Portugal, Hungria, Marrocos, Argélia, Rússia, Romênia e
Iugoslávia. Carregam consigo seus costumes, características e tradições.
Origem
Outras informações sobre as origens dos ciganos foram
obtidas através de estudos lingüísticos feitos a partir do século passado pelo
alemão Pott, o grego Paspati, o austríaco Micklosicyh e o italiano Ascoli. A
comparação entre os vários dialetos que constituem a língua cigana, chamada
romaní ou romanês, e algumas línguas indianas, como o sânscrito, o prácrito, o
maharate e o punjabi, permitiu que se estabelecesse com certeza a origem
indiana dos ciganos.
A maior parte dos indianistas, porém, fixa a pátria dos
ciganos no noroeste da Índia, mas os indianistas modernos têm tendência a não
considerá-lo um grupo homogêneo, mas um povo viajante muito antigo, composto de
elementos diversos, alguns dos quais poderiam vir do sudeste da Índia.
Diáspora Cigana
A razão pela qual abandonaram as terras nativas da Índia
permanece ainda envolvida em mistério. Parece que eram originariamente
sedentários e que devido ao surgimento de situações adversas, tiveram que viver
como nômades. Mas a origem indiana dos ciganos é hoje admitida por todos os
estudiosos, não havendo dúvidas quanto ao que diz respeito à língua e à
cultura.
A maioria, igualmente, os ligam à casta dos párias. Isso
em parte por causa de seu aspecto miserável, que não se deve a séculos de
perseguição, pois foi descrito bem antes da era das perseguições. Também por
causa dos empregos subalternos e das profissões geralmente desprezadas na Índia
contemporânea pelos indianos que lhes parecem estreitamente aparentados.
A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre
os ciganos contribuiu para piorar sua imagem. Além disso, as possibilidades de
assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência
consistia em viver às margens das sociedades.
Os preconceitos já existentes eram reforçados pelo
convencimento difundido na Europa que a pele escura fosse sinal de inferioridade
e de malvadeza.
Os ciganos eram facilmente identificados com os Turcos
porque indiretamente e em parte eram provenientes das terras dos infiéis, assim
eram considerados inimigos da igreja, a qual condenava as práticas ligadas ao
sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos que os ciganos costumavam
exercer. A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a
uma origem segura não permitia o reconhecimento como grupo étnico bem
individualizado, ainda que por longo tempo haviam sido qualificados como
Egypicios. A oposição aos ciganos se delineou também nas corporações, que
tendiam a excluir concorrentes no artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho
com metais. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe na criação de lendas
e provérbios tendendo a por os ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se
à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e, portanto, malditos
(Gênesis 9:25). Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os
pregos que serviram para crucificar Cristo (ou, segundo outra versão, que eles
teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação do
Senhor).
Dos preconceitos á discriminação, até chegar as
perseguições. Na Sérvia e na Romênia foram mantidos em estado de escravidão por
um certo tempo; a caça ao cigano aconteceu com muita crueldade e com bárbaros
tratamentos. Deportações, torturas e matanças foram praticadas em vários
Estados, especialmente com a consolidação dos Estados nacionais.
Sob o nazismo os ciganos tiveram um tratamento igual ao
dos judeus: muitos deles foram enviados aos campos de concentração, onde foram
submetidos a experiências de esterilização, usados como cobaias humanas.
Calcula-se que meio milhão de ciganos tenham sido eliminados durante o regime
nazista. Um exemplo entre muitos: o trem que chegou a Buchenwald em 10 de
outubro de 1944 trazia 800 crianças ciganas. Foram todas assassinadas nas
câmaras de gás do crematório cinco.
Não se sabe bem por qual razão, os nazistas permitiram
que conservassem seus instrumentos musicais. A música serviu-lhes de último
consolo. Um sobrevivente não cigano relembra uma passagem do ano de 1939 em
Buchenwald: "De repente, o som de um violino cigano surgiu de uma das
barracas, ao longe, como que vindo de uma época e de uma atmosfera mais
feliz... Árias da estepe húngara, melodias de Viena e de Budapeste, canções de
minha terra".
Atualmente, os ciganos estão presentes em todos os países
europeus, nas regiões asiáticas por eles atravessadas, nos países do oriente
médio e do norte da África. Na Índia existem grupos que conservam os traços
exteriores das populações ciganas: trata-se dos Lambadi ou Banjara, populações
semi-nômades que os "ciganólogos" definem como "Ciganos que
permaneceram na pátria". Nas Américas e na Austrália eles chegaram
acompanhando deportados e colonos.
Os primeiros ciganos vieram para o Brasil no século XVI,
trazidos pela corte real de D. João VI para divertir a comitiva; sendo eles:
cantores, músicos e dançarinos.
Kalon é o nome de uma tribo cigana que veio de Portugal e
da Espanha com sua música flamenca. Outras tribos ou grupos foram os Rom vindos
da Iugoslávia, Romênia e Hungria. A tribo Cósmica e Kiev vieram da Rússia.
Existem mais de 50 tribos no mundo.
Recentes estimativas sobre a consistência da população
cigana indicam uma cifra ao redor de 12 milhões de indivíduos.
Deve-se salientar que estes dados são aproximados, pois
na ausência de censos, esses se baseiam em fontes de informação nem sempre
corretas e confirmadas. Na Itália inicialmente o grupo dos Sintos representava
uma grande maioria, sobretudo no Norte; mas nos últimos trinta anos esse grupo
foi progressivamente alcançado e às vezes suplantado pelo grupo dos Rom
provenientes da vizinha antiga Iugoslávia e, em quantidades menores, de outros
países do leste europeu. Na Itália meridional já estava presente há muito tempo
o grupo dos Rom Abruzzesi, vindos talvez por mar desde os Balcãs.
Um dos nomes mais freqüentemente dados aos ciganos era o
de Egypcios. Por que esse nome? Por que os títulos de duque ou conde do Pequeno
Egito adotados com freqüência pelos chefes ciganos? Uma crônica de Constâncio
menciona os "Ziginer", que visitam, em 1438, a cidade de uma ilha
"não distante do Pequeno Egito". Um dos principais centros na Costa
do Peloponeso encontrava-se ao pé do monte Gype, conhecido pelo nome de Pequeno
Egito.
Pode-se perguntar por que o local era chamado de Pequeno
Egito. Não seria justamente por causa da presença dos Egypicios? O certo é que
não pode se tratar do Egito africano. O itinerário das primeiras migrações
ciganas não passa pela África do Norte. O geógrafo Bellon, ao visitar o vale do
Nilo no século XVI, encontra, diz ele, pessoas designadas de Egypicios na
Europa, pessoas que no próprio Egito eram consideradas estrangeiras e
recém-chegadas.
Nenhum argumento histórico ou lingüístico permite
confirmar a hipótese de algum êxodo dos ciganos do Egito, ao longo da costa
africana para ganhar, pelo sul, a Península Ibérica. Ao contrário, os ciganos
chegaram à Espanha pelo norte, depois de terem atravessado toda a Europa.
O cigano designa a si próprio como Rom, pelo menos na
Europa (Lom, na Armênia; Dom, na Pérsia; Dom ou Dum, Síria) ou então como
Manuche. Todos esses vocábulos são de origem indiana (manuche, ou manus, deriva
diretamente do sânscrito) e significam "homem", principalmente homem
livre. "Rom" e "Manuche" se aplicam a dois dos principais
grupos ciganos da Europa Ocidental. Uma designação logrou êxito, a de uma
antiga seita herética vinda da Ásia Menor à Grécia, os Tsinganos, dos quais
subsistia - quando da chegada dos ciganos à terra bizantina - a fama de mágicos
e adivinhos.
Os gregos diziam Gyphtoï ou
Aigyptiaki; os albaneses, Evgité. Depois que partiram das terra gregas,
ficou-lhes esse nome, sob diversas formas. O nome Égyptien era de uso corrente
na França do séc. XV ao XVII. Em espanhol, Egiptanos, Egitanos, posteriormente
Gitanos (de onde surgiu Gitans em francês); às vezes em português Egypicios; em
inglês Egypcians ou Egypcions, Egypsies, posteriormente Gypsies; em neerlandês,
Egyptenaren, Gipten ou Jippenessen.
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