Nana
A mais velha divindade do panteão, associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. O único Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto reverenciada como sendo a divindade da vida, como da morte. Seu símbolo é o Íbíri - um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios.
Nana é a chuva e a garoa. O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento, uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá.
Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de contato da terra com as águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de Deus, sendo, portanto também sua criação simultânea a da criação do mundo.
1. Com a junção da água e a terra surgiu o Barro.
2. O Barro com o Sopro Divino representa Movimento.
3. O Movimento adquire Estrutura.
4. Movimento e Estrutura surgiu a criação, O Homem.
Portanto, para alguns, Nanã é a Divindade Suprema que junto com Zambi fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento Barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e nada se perca.
Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido.
Orixá que também rege a Justiça, Nanã não tolera traição, indiscrição, nem roubo. Por ser Orixá muito discreto e gostar de se esconder, suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. Por exemplo, ninguém desconfiará que uma dengosa e vaidosa aparente filha de Oxum seria uma filha de Nanã "escondida".
Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.
A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.
Muitos são, portanto os mistérios que Nanã esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem a invoca em geral sempre a mesma relação austera que mantém com o mundo.
Nanã forma par com Obaluaiê. E enquanto ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar, ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético ao tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação.
Este mistério divino que reduz o espírito é regido por nosso amado pai Obaluaiê, que é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro.
Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.
Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a "memória" dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.
Esta grande Orixá, mãe é avó, e protetora dos homens e criaturas idosas, padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas.
Quando dança no Candomblé, ela faz com os braços como se estivesse embalando uma criança. Sua festa é realizada próximo do dia de Santana, e a cerimônia se chama Dança dos Pratos.
Origem
Nanã é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia iorubá, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual Republica do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.
Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai de quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também. Paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.
É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluaiê) e Oxumarê.
Características
Cor – Roxa ou lilás (em algumas casas: branco e azul)
Fio de contas – Contas, firmas e miçangas de cristal Lilás.
Ervas – Manjericão Roxo, Colônia, Ipê Roxo, Folha da Quaresma, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Canela de Velho, Salsa da Praia, Manacá (Em algumas casas: assa peixe, cipreste, erva Macaé, dália vermelha escura, folha de berinjela, folha de limoeiro, manacá, rosa vermelho escura, tradescância)
Símbolo – Chuva
Pontos da Natureza-Lagos, Águas profundas, Lama, Cemitérios e Pântanos.
Flores – Todas as de Cor Roxa
Essências - Lírio, Orquídea, limão, narciso, dália.
Pedras - Ametista, cacoxenita, tanzanita.
Metal - Latão ou Níquel
Saúde - Dor de cabeça e Problemas Intestino
Planetas - Lua e Mercúrio
Dias da Semana - Sábado (Em algumas casas: Segunda)
Elemento – Água
Chakra - Frontal e Cervical
Saudação - Saluba Nanã
Bebida – Champanhe
Animais - Cabra, Galinha ou Pata. (Brancas)
Comidas - Feijão Preto com Purê de Batata doce. Aberum. Mungunzá
Número – 13
Data Comemorativa- 26 de julho
Sincretismo - Nossa Senhora Santana
Incompatibilidades - Lâminas, multidões.
Qualidades - Ologbo, Borokun, Biodun, Asainán, Elegbe, Susure.
ATRIBUIÇÕES
A orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova "vida", já mais equilibrada .
AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE NANÃ
Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça, pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural. Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros.
Às vezes, porém, exige atenção e respeito que julga devido, mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.
Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram. Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc.
Quanto a dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente têm.
Os filhos de Nanã são calmos e benevolentes, agindo sempre com dignidade e gentileza. São pessoas lentas no exercício de seus afazeres, julgando haver tempo para tudo, como se o dia fosse durar uma eternidade. Muito afeiçoadas às crianças, educam-nas com ternura e excesso de mansidão, possuindo tendência a se comportar com a indulgência das avós. Suas reações bem equilibradas e a pertinência de suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça, com segurança e majestade.
O tipo psicológico dos filhos de NANÃ a introvertido e calmo. Seu temperamento é severo e austero. Rabugento, é mais temido do que amado. Pouco feminina, não tem maiores atrativos e à muito afastada da sexualidade. Por medo de amar e de ser abandonada e sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.
COZINHA RITUALÍSTICA
Canjica branca
Canjica branca cozida, leite de coco. Colocar a canjica em tigela de louça branca, despejando mel por cima, e uvas brancas, se desejar.
Berinjela com inhame
Berinjela aferventada e cortada verticalmente em 4 partes; Inhames cozidos em água pura, com casca, e cortados em rodelas.; Arrumados em um alguidar vidrado, regado com mel.
Sarapatel
Lavam-se miúdos de porco com água e limão. Corta-se em pedaços pequenos e tempera-se com coentro, louro, pimenta do reino, cravos da índia, caldo de limão e sal. Cozinha-se tudo no fogor. Quando tudo estiver macio, se junta sangue de porco e ferve-se. Sirve-se, acompanhado de farinha de mandioca torrada ou arroz branco.
Paçoca de amendoim
Amendoins torrados e moídos misturados com farinha de mandioca crua, açúcar e uma pitada de sal.
Efó
Ferve-se 1 maço bem grande de língua de vaca, espinafre ou beterraba. Depois amassar até virar um purê; Passa-se por uma peneira e espalhe a massa para evaporar toda a água; Depois de seca, coloca-se numa panela, junto com azeite de dendê, camarões secos, pimenta do reino, cebola, alho e sal. Cozinha-se com a panela tampada e em fogo baixo; É servido com arroz branco.
Aberum
Milho torrado e pilado.
Obs. Nanã também recebe: Calda de ameixa ou de figo; melancia, uva, figo, ameixa e melão, tudo depositado à beira de um lago ou mangue.
LENDAS DE NANÃ
Como Nanã Ajudou na Criação do Homem
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixá povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo, mas quer de volta no final tudo o que é seu.
Oxum
Nome de um rio em Oxogbô,
região da Nigéria, em Ijexá. É ele considerado a morada mítica da Orixá. Apesar
de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana,
Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios.
Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água
semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são
destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde costumam
ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus
filhos-de-santo.
Oxum domina os rios e as
cachoeiras, imagens cristalinas de sua influência: atrás de uma superfície
aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas.
Oxum é conhecida por sua delicadeza.
As lendas adornam-na com ricas vestes e objetos de uso pessoal Orixá feminino,
onde sua imagem é quase sempre associada a maternidade, sendo comum ser
invocada com a expressão "Mamãe Oxum". Gosta de usar colares, jóias,
tudo relacionado à vaidade, perfumes, etc.
Filha predileta de Oxalá e
Yemanjá. Nos mitos, ela foi casada com Oxossi, a quem engana, com Xangô, com
ogum, de quem sofria maus tratos e xangô a salva.
Seduz Obaluaiê, que fica
perdidamente apaixonado, obtendo dele, assim, que afaste a peste do reino de
Xangô. Mas Oxum é considerada unanimente como uma das esposas de xangô e rival
de Iansã e Obá.
Segunda mulher de Xangô, deusa
do ouro (na África seu metal era o cobre), riqueza e do amor, foi rainha em
Oyó, sendo a sua preferida pela jovialidade e beleza.
À Oxum pertence o ventre da mulher e
ao mesmo tempo controla a fecundidade, por isso as crianças lhe pertencem. A
maternidade é sua grande força, tanto que quando uma mulher tem dificuldade
para engravidar, é à Oxum que se pede ajuda. Oxum é essencialmente o Orixá das
mulheres, preside a menstruação, a gravidez e o parto. Desempenha importante
função nos ritos de iniciação, que são a gestação e o nascimento. Orixá da
maternidade ama as crianças, protege a vida e tem funções de cura.
Oxum mostrou que a
menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas
mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a
possibilidade de gerar filhos.
Fecundidade e fertilidade são
por extensão, abundância e fartura e num sentido mais amplo, a fertilidade irá
atuar no campo das idéias, despertando a criatividade do ser humano, que
possibilitará o seu desenvolvimento. Oxum é o orixá da riqueza - dona do ouro,
fruto das entranhas da terra. É alegre, risonha, cheia de dengos, inteligente,
mulher-menina que brinca de boneca, e mulher-sábia, generosa e compassiva,
nunca se enfurecendo. Elegante, cheia de jóias, é a rainha que nada recusa tudo
dá. Tem o título de iyalodê entre os povos iorubá: aquela que comanda as
mulheres na cidade, arbitra litígios e é responsável pela boa ordem na feira.
Oxum tem a ela ligado o
conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem
engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação
até o momento do parto, onde Iemanjá ampara a cabeça da criança e a entrega aos
seus Pais e Mães de cabeça. Oxum continua ainda zelando pelas crianças
recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.
É o orixá do amor, Oxum é
doçura sedutora. Todos querem obter seus favores, provar do seu mel, seu
encanto e para tanto lhe agradam oferecendo perfumes e belos artefatos, tudo
para satisfazer sua vaidade. Na mitologia dos orixás ela se apresenta com
características específicas, que a tornam bastante popular nos cultos de origem
negra e também nas manifestações artísticas sobre essa religiosidade. O orixá
da beleza usa toda sua astúcia e charme extraordinário para conquistar os
prazeres da vida e realizar proezas diversas. Amante da fortuna, do esplendor e
do poder, Oxum não mede esforços para alcançar seus objetivos, ainda que
através de atos extremos contra quem está em seu caminho. Ela lança mão de seu
dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada.
Seu maior desejo, no entanto é ser amada, o que a faz correr grandes riscos,
assumindo tarefas difíceis pelo bem da coletividade. Em suas aventuras, este
orixá é tanto uma brava guerreira, pronta para qualquer confronto, como a
frágil e sensual ninfa amorosa. Determinação, malícia para ludibriar os
inimigos, ternura para com seus queridos, Oxum é, sobretudo a deusa do amor.
O Orixá amante ataca as
concorrentes, para que não roubem sua cena, pois ela deve ser a única capaz de
centralizar as atenções. Na arte da sedução não pode haver ninguém superior a
Oxum. No entanto ela se entrega por completo quando perdidamente apaixonada
afinal o romantismo é outra marca sua. Da África tribal à sociedade urbana
brasileira, a musa que dança nos terreiros de espelho em punho para refletir
sua beleza estonteante é tão amada quanto à divina mãe que concede a valiosa
fertilidade e se doa por seus filhos. Por todos seus atributos a belíssima Oxum
não poderia ser menos admirada e amada, não por acaso a cor dela é o reluzente
amarelo ouro, pois como cantou Caetano Veloso, “gente é pra brilhar”, mas Oxum
é o próprio brilho em orixá.
A face de Oxum é esperada
ansiosamente por sua mãe, que para engravidar leva ebó (oferenda) ao rio. E tal
desespero não é o de Iemanjá ao ver sua filhinha sangrar logo após nascer. Para
curá-la a mãe mobiliza Ogum, que recorre ao curandeiro Ossãe, afinal a primeira
e tão querida filha de Iemanjá não podia morrer. Filha mimada, Oxum é guardada
por Orumilá, que a cria.
Nanã é a matriarca velha,
ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se
relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua
plenitude. É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a
segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem.
É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades
contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa
e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.
Para Oxum, então, foi
reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente,
coquete, maliciosa, ao mesmo tempo em que é cheia de paixão e busca
objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às
crianças e bebês. Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo
ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de
seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada
pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão místico Iorubano.
Sua busca de prazer implica
sexo e também ausência de conflitos abertos – é dos poucos Orixás Iorubas que
absolutamente não gosta da guerra.
Tudo que sai da boca dos
filhos da Oxum deve ser levado em conta, pois eles têm o poder da palavra,
ensinando feitiços ou revelando presságios.
Desempenha importante papel no
jogo de búzios, pois à ela quem formula as perguntas que Exú responde.
No Candomblé, quando Oxum dança traz na mão uma espada e
um espelho, revelando-se em sua condição de guerreira da sedução. Ela se banha
no rio, penteia seus cabelos, põem suas jóias e pulseiras, tudo isso num
movimento lânguido e provocante.
Características
Cor - Azul (Em
algumas casas: Amarelo)
Fio De Conta - Cristal
azul. (Em algumas casas: Amarelo)
Ervas - Colônia,
Macaçá, Oriri, Santa Luzia, Oripepê, Pingo D’água, Agrião, Dinheiro em Penca,
Manjericão Branco, Calêndula, Narciso; Vassourinha Erva de Santa Luzia, e
Jasmim (Estas últimas três não servem para banhos) (Em algumas casas: Erva
Cidreira, Gengibre, Camomila, Arnica, Trevo Azedo ou grande, Chuva de Ouro,
Manjericão, Erva Santa Maria).
Símbolo - Coração
ou cachoeira
Pontos da
Natureza - Cachoeira e rios (calmos)
Flores - Lírio,
rosa amarela.
Essências - Lírio,
rosa.
Pedras - Topázio
(amarelo e azul).
Metal – Ouro
Saúde - Órgãos
reprodutores (femininos), coração.
Planetas – Vênus
e Lua
Dia da Semana –
Sábado
Elemento – Água
Chakras –
Umbilical e Frontal
Saudação - Ai-ie-iô
(ou Ora Ieiêô)
Bebida –
Champanhe
Animal – Pomba
branca
Comidas - Omolocum.
Ipeté. Quindim (Em algumas casas: banana frita
moqueca de peixe e pirão feito com a cabeça do peixe)
Número – 5
Data
Comemorativa – 8 De Dezembro
Sincretismo - Nossa
Senhora Da Conceição, Nossa Senhora Da Aparecida, Nossa Senhora Da Fátima,
Nossa Senhora Da Lourdes, Nossa Senhora Das Cabeças, Nossa Senhora De Nazaré.
Incompatibilidade
– Abacaxi e barata
Qualidades - Apará,
Ijimum, Iápondá, Ifé, Abalu, Jumu, Oxogbo, Ajagura, Yeye Oga, Yeye Petu, Yeye
Kare, Yeye Oke, Yeye Oloko, Yeye Merin, Yeye Àyálá, Yeye Lokun, Yeye Odo.
Atribuições
Ela estimula a união
matrimonial, e favorece a conquista da riqueza espiritual e a abundância
material. Atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor,
fraternidade e união.
AS Características Dos Filhos De Oxum
Os filhos de Oxum amam
espelhos, jóias caras, ouro, são impecáveis no trajar e não se exibem
publicamente sem primeiro cuidar da vestimenta, do cabelo e, as mulheres, da
pintura.
As pessoas de Oxum são
vaidosas, elegantes, sensuais, adoram perfumes, jóias caras, roupas bonitas,
tudo que se relaciona com a beleza.
Talvez ninguém tenha sido
tão feliz para definir a filha de Oxum como o pesquisador
da religião africana, o
francês Pierre Verger, que escreveu: "o arquétipo de
Oxum é das mulheres graciosas e elegantes, com paixão
pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que
são símbolo do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais
reservadas que as de Iansã. Elas evitam chocar a opinião publica, á qual dão
muita importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora, escondem uma vontade
muito forte e um grande desejo de ascensão social".
Os filhos de Oxum são mais
discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou
qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que
constroem cautelosamente. A imagem doce, que esconde uma determinação forte e
uma ambição bastante marcante.
Os filhos de Oxum têm
tendência para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral. Gostam de
chamar a atenção do sexo oposto. O sexo é importante para os filhos de Oxum.
Eles tendem a ter uma vida SEXÚAL intensa e significativa, mas diferente dos
filhos de Iansã ou Ogum. Representam sempre o tipo que atrai e que é sempre
perseguido pelo sexo oposto. Aprecia o luxo e o conforto, é vaidoso, elegante,
sensual e gosta de mudanças, podendo ser infiel. Despertam ciúmes nas mulheres
e se envolvem em intrigas.
Na verdade os filhos de Oxum
são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios, mas
sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam
os seres mais apaixonados e dedicados do mundo. São boas donas de casa e
companheiras.
São muito sensíveis a qualquer
emoção, calmos, tranqüilos, emotivos, normalmente têm uma facilidade muito
grande para o choro.
O arquétipo psicológico
associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são
seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo,
grutas tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma,
cheio de meandros.
Faz parte do tipo, uma certa
preguiça coquete, uma ironia persistente, porém discreta e, na aparência,
apenas inconseqüente. Pode vir a ser interesseiro e indeciso, mas seu maior
defeito é o ciúme. Um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de
Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser
fofoqueiros, mas não pelo mero prazer de falar e contar os segredos dos outros,
mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca.
É muito desconfiado e
possuidor de grande intuição que muitas vezes é posta à serviço da astúcia,
conseguindo tudo que quer com imaginação e intriga. Os filhos de Oxum preferem
contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo de frente. Sua atitude lembra o
movimento do rio, quando a água contorna uma pedra muito grande que está em seu
leito, em vez de chocar-se violentamente contra ela, por isso mesmo, são muito
persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando
mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados.
Entretanto, ás vezes, parecem
esquecer um objetivo que antes era tão importante, não se importando mais com o
mesmo. Na realidade, estará agindo por outros caminhos, utilizando outras
estratégias.
Oxum é assim: bateu, levou.
Não tolera o que considera injusto e adora uma pirraça. Da beleza à destreza,
da fragilidade à força, com toque feminino de bondade.
Cozinha ritualística
Omolocum
Feijão fradinho cozido, passado no
azeite de dendê com salsa picada e camarão seco também picado ou ralado.
Coloca-se em tigela de louça branca, acrescentando de ovos cozidos por cima.
Com canjica branca, Canjica branca
cozida em água pura sem sal e feijão fradinho cozido em água pura sem sal.
Coloca-se, numa tigela de louça branca, uma camada de canjica, uma camada de
feijão fradinho e, por cima, 3 ovos cozidos cortados em rodelas.
Lendas de Oxum
Como Oxum
Conseguiu Participar Das Reuniões Dos Orixás Masculinos
Logo que todos os Orixás
chegaram à terra, organizavam reuniões das quais mulheres não podiam
participar. Oxum, revoltada por não poder participar das reuniões e das
deliberações, resolve mostrar seu poder e sua importância tornando estéreis
todas as mulheres, secando as fontes, tornando assim a terra improdutiva.
Olorum foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram que tudo ia mal na terra,
apesar de tudo que faziam e deliberavam nas reuniões. Olorum perguntou a eles
se Oxum participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe disseram que não.
Explicou-lhes então, que sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a
fecundidade, nada iria dar certo. Os Orixás convidaram Oxum para participar de
seus trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Oxum resolve aceitar.
Imediatamente as mulheres tornaram-se fecundas e todos os empreendimentos e
projetos obtiveram resultados positivos. Oxum é chamada Iyalodê (Iyáláòde),
título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres
da cidade.
Como Oxum Criou
O Candomblé
Foi de Oxum a delicada missão
dada por Olorum de religar o orum (o céu) ao aiê (a terra) quando da separação
destes pela displicência dos homens. Tamanho foi o aborrecimento dos orixás em
não poder mais conviver com os humanos que Oxum veio ao aiê (a terra)
prepará-los para receber os deuses em seus corpos. Juntou as mulheres,
banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de Ecodidé (um
pássaro sagrado), enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos
com idés (pulseiras), enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás. E
eles vieram. Dançaram e dançaram ao som dos atabaques e xequerês. Para alegria dos
orixás e dos humanos estava inventado o Candomblé.
Oxum É Destemida
Diante Das Dificuldades Enfrentadas Pelos Seus
- Ela usa sua sensualidade para salvar sua comunidade da morte. Dança com seus lenços e o mel, seduzindo Ogum até que ele volte a produzir os instrumentos para a agricultura. Assim a cidade fica livre da fome e miséria.
- Oxum enfrenta o perigo quando Olorum, Deus supremo, ofendido pela rebeldia dos orixás, prende a chuva no orum (Céu), deixando que a seca e a fome se abatam sobre o aiê (a Terra). Transformada em pavão, Oxum voa até o deus maior levando um ebó, para suplicar ajuda. No caminho ela não hesita em repartir os ingredientes da oferenda com o velho Oxalufã e as crianças que encontra. Mesmo tornando-se abutre pelo calor do sol, que lhe queima, enegrecendo as penas, ela alcança a casa de Olorum. E consegue seu objetivo pela comoção de Olorum.
- Oxalá tem seu cajado jogado ao mar e a perna ferida por Iansã. Oxum vem para ajudar o velho, curando-o e recuperando seu pertence. Ela é adorada por Oxalá.
- Com grande compaixão, Oxum intercede junto a Olorum para que ele ressuscite Obaluaiê, em troca do doce mel da bela orixá.
- E ela garante a vida alheia também ao acolher a princesa Ala, grávida, jogada ao rio por seu pai. Oxum cuida da recém-nascida, a querida Oiá.
A Riqueza De
Oxum
Com suas jóias, espelhos e
roupas finas, Oxum satisfaz seu gosto pelo luxo. Ambiciosa, ela é capaz de
geniais estratagemas para conseguir êxito na vida. Vai à frente da casa de
Oxalá e lá começa a fazer escândalo, caluniando-o aos berros, até receber dele
a fortuna desejada para então se calar. E assim Oxum torna-se "senhora de
tanta riqueza como nenhuma outra Yabá (Orixá feminino) jamais o fora".
Os Amores De
Oxum
Oxum luta para conquistar o amor de
Xangô e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu
amado.
Ela livra seu querido Oxossi do perigo
e entrega-lhe riqueza e poder para que se torne Alaketu, o rei da cidade de
Ketu.
Oxum provoca disputa acirrada entre
dois irmãos por seu amor: Xangô e Ogum, ambos guerreiros famosos e poderosos, o
tipo preferido por ela. Xangô é seu marido, mas independente disso, se um dos
dois irmãos não a trata bem, o outro se sente no direito de intervir e
conquistá-la. Afinal Oxum quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada
como uma rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu
gosto. A beleza é o maior trunfo do orixá do amor. Como esposa de Xangô, ao
lado de Obá e Oiá, Oxum é a preferida e está sempre atenta para manter-se a mais
amada.
Como Oxum
Conseguiu O Segredo Do Jogo De Búzios
Oxum queria saber o segredo do
jogo de búzios que pertencia a Exú e este não queria lhe revelar. Oxum foi
procurá-lo. Ao chegar perto do reino de Exú, este desconfiado perguntou-lhe o
que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela
então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exú se abaixa para ver
melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Exú o
cega e arde muito. Exú gritava de dor e dizia;
- Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
Oxum fingindo preocupação, respondia:
- Búzios? Quantos são eles?
- Dezesseis, respondeu Exú, esfregando os olhos.
- Ah! Achei um, é grande!
- É Okanran, me dê ele.
- Achei outro, é menorzinho!
- É Eta-Ogundá, passa pra cá...
E assim foi até que ela soube todos os
segredos do jogo de búzios, Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e
inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividí-lo
com Exú.
Conta-nos outra lenda, que para aprender
os segredos e mistérios da arte da adivinhação, Oxum, foi procurar Exú. Exú,
muito matreiro, falou à Oxum que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas
para tanto, ficaria Oxum sobre os domínios de Exú durante sete anos, passando,
lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a ensinaria.
E, assim foi feito, durante sete anos
Oxum foi aprendendo a arte da adivinhação que Exú lhe ensinará e
conseqüentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na
casa de Exú. Findando os sete anos, Oxum e Exú, tinham se apegado bastante pela
convivência em comum, e Oxum resolveu ficar em companhia desse Orixá. Em um
belo dia, Xangô que passava pelas propriedades de Exú, avistou aquela linda
donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado,
foi declarar sua grande admiração para com Oxum. Foi-se a tal ponto que Xangô,
viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não
gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó. Oxum
rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Exú. Xangô então
irritado e contrariado, seqüestrou Oxum e levou-a em sua companhia,
aprisionando-a na masmorra de seu castelo. Exú, logo de imediato sentiu a falta
de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos
do mundo sua doce pupila de anos de convivência. Chegando nas terras de Xangô,
Exú foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do
palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Oxum, triste e a chorar
por sua prisão e permanência na cidade do Rei. Exú, esperto e matreiro,
procurou a ajuda de Orumilá, que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de
transformação para Oxum desvencilhar-se dos domínios de Xangô. Exú, através da magia
pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção. Oxum tomou de um só
gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e
pode então retornar em companhia de Exú para sua morada.
Iansã
Iansã é um Orixá feminino
muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da
Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é
predominantemente cultuada sob o nome de Oiá. É um dos Orixás do Candomblé que
mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se
relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos
(Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco
cultuados no Candomblé. Em termos de sincretismo, costuma ser associada à
figura católica de Santa Bárbara. Iansã costuma ser saudada após os trovões,
não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas
principalmente porque Iansã é uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, e o
senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo
tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade.
Nas cerimônias da Umbanda e do
Candomblé, Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica
guerreira, brandindo sua espada, e ao mesmo tempo feliz. Ela sabe amar, e gosta
de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma desmedida com que
exterioriza sua cólera.
Como a maior parte dos Orixás
femininos cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio
conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oiá, pelos africanos, isso,
porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.
A figura de Iansã sempre
guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão
mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente
ao homem, pois está presente tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as
grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está
sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos.
É extremamente sensual,
apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na
sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas
paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são
terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em
qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dadas a picuinhas,
pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.
Foi esposa de Ogum e,
posteriormente, a mais importante esposa de Xangô. É irrequieta, autoritária,
mas sensual, de temperamento muito forte, dominador e impetuoso. É dona dos
movimentos (movimenta todos os Orixás), em algumas casas é também dona do teto
da casa, do Ilê.
Iansã é a Senhora dos Eguns
(espíritos dos mortos), os quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim
- seu instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de rabo de um
cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal. É ela que servirá de guia, ao
lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que
indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda também a falange
dos Boiadeiros.
Duas lendas se formaram, a
primeira é que Iansã não cortou completamente relação com o ex-esposo e
tornou-se sua amante; a segunda lenda garante que Iansã e Ogum, tornaram-se
inimigos irreconciliáveis depois da separação. Iansã é a primeira divindade
feminina a surgir nas cerimônias de cultos afro-brasileiros.
Deusa da espada do fogo, dona
da paixão, da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói que cria
sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a
volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a
razão. A frase estou apaixonado, tem a presença e a regência de Iansã, que é o
orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os
sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme
doentio, a inveja suave, o fascínio conseqüências
de um ato impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor forte, violento.
Fio de Contas
- Coral
(marrom, bordô, vermelho, amarelo)
Ervas - Cana do Brejo, Erva Prata,
Espada de Iansã, Folha de Louro (não serve para banho), Erva de Santa Bárbara,
Folha de Fogo, Colônia, Mitanlea, Folha da Canela, Peregum amarelo, Catinga de
Mulata, Parietária, Para Raio (Catinga de mulata, Cordão de frade, Gerânio
cor-de-rosa ou vermelho, Açucena, Folhas de Rosa Branca)
Símbolo - Raio (Eruexim -cabo de ferro
ou cobre com um rabo de cavalo)
Pontos da
Natureza – Bambuzal
Flores - Amarelas ou corais
Essências – Patchouli
Pedras
- Coral,
Cornalina, Rubi, Granada.
Metal – Cobre
Saúde – Sistema Nervoso e Coronáriano
Planetas – Lua e Júpiter
Dia da Semana – Quarta –Feira
Elemento – Fogo
Chakra – Frontal e Cardíaco
Saudação - Eparrei
Oiá
Bebida – Champanhe
Animais - Cabra amarela, Coruja rajada.
Comidas- Acarajé (Ipetê, Bobó de Inhame).
Número – 9
Data
Comemorativa – 4
de Dezembro
Sincretismo - Santa Bárbara, Joana d’arc.
Incompatibilidade
- Rato,
Abóbora.
Qualidades
- Egunitá,
Onira, Balé, Oya Biniká, Seno, Abomi, Gunán, Bagán, Kodun, Maganbelle, Yapopo,
Onisoni, Bagbure, Tope, Filiaba, Semi, Sinsirá, Sire, Oya Funán, Fure, Guere,
Toningbe, Fakarebo, De, Min, Lario, Adagangbará.
Atribuições
Uma de suas atribuições é
colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu
emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra
linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta
da evolução.
As
Características Dos Filhos De Iansã
Iansã é a mulher guerreira
que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que
preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.
Costumam ver guerra em tudo,
sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao
contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da
maneira de ser dos filhos de Ogum, os filhos de Iansã costumam ser mais
individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha,
vencerão todos os problemas.
São fortemente influenciados
pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da
sua vida por um amor ou por um ideal. Talvez uma súbita conversão religiosa,
fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até
de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado
momento de sua vida.
Da mesma forma que o filho de
Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à
conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma
alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior.
São de Iansã, aquelas pessoas
que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num
acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante,
momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar,
à todos, aspectos particulares de sua vida.
Os Filhos de Iansã são
atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser
maquiavélicos ou sutis, mas, a longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba
mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões.
Têm uma tendência a
desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que
começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. Se mostram
incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o
ser amado. Enfim, seu temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a
aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem
decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos,
por elas mesmas enganados. Mas quando estão amando verdadeiramente são
dedicadas a uma pessoa são extremamente companheiras.
Todas essas características
criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de
Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito
violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o
estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores
provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos
de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador.
Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.
Cozinha ritualística
Cozinhe inhames
descascados em água pura sem sal. Frite, a seguir, os inhames cozidos e
cortados em rodelas no azeite de dendê e separe. No próprio azeite que usou
para a fritura, coloque o camarão seco descascado e picado e salsa, de modo a
fazer um "molho". Coloque os inhames fritos num prato e regue-os com
esse "molho".
Acarajé
Na véspera, ponha
o feijão fradinho de molho. No dia seguinte, ele estará bem inchado. Descasque
o feijão - grão por grão - retirando o olho preto, e passe na chapa mais fina
da máquina de moer carne. Bata bastante para que a massa fique leve, isto é,
até arrebentarem bolhas. Tempere com sal e a cebola ralada. Ponha uma
frigideira no fogo com azeite de dendê e aí frite os acarajés às colheradas
(com uma colher das de sopa), formando, assim, os bolinhos. Depois de fritos,
reserve-os e prepare o molho: soque juntos a cebola, os camarões secos, as
pimentas e o dente de alho. Depois de tudo bem socado e triturado, refogue em
uma xícara de azeite de dendê. Sirva os acarajés abertos com o molho, tudo bem
quente.
Bobó de inhame
Cozinhe os
inhames com a casca e deixe-os escorrer para que fiquem bem enxutos. Amasse-os.
Ponha o azeite de dendê numa panela, junte os camarões secos, a cebola, o alho,
o gengibre, a pimenta e uma colherinha de sal. Refogue bem. Acrescente os
camarões frescos, inteiros, e refogue mais um pouco. Junte o inhame amassado
como um purê pouco a pouco, às colheradas, mexendo sempre. Cozinhe até
endurecer.
Xangô enviou-a em missão na
terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe
permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às
instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de
cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si
esse terrível poder.
Ogum foi caçar na floresta.
Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção.
Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua
pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos, era Iansã. Ela escondeu a
pele num formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se
do despojo, escondendo-o no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa,
indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a
pedi-la em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou
aceitando, quando de volta a floresta, não mais achou a sua pele. Oiá
recomendou ao caçador a não contar a ninguém que, na realidade, ela era um
animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou
o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o
segredo da aparição da nova a mulher. Logo que o marido se ausentou, elas
começaram a cantar: 'Máa je, máa mu, àwo re nbe nínú àká', 'Você pode beber e
comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no depósito (você é um animal)'.
Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Iansã.
Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e, voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: 'Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro.' É por essa razão que chifres de búfalo são sempre colocados nos locais consagrados a Iansã.
Iansã percorreu vários reinos, foi paixão de
Ogum, Oxaguian, Exu, Oxossi e Logun-Edé. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande
paixão do guerreiro.
Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da
espada. Em Oxogbô, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o
escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os
mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça,
aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal (com
a ajuda da magia aprendida com Exu). Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele
aprendeu a pescar. Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria
descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu
pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De
início, Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e aprendeu a
conviver com os Eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oyó, reino de Xangô,
e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver
ricamente.
Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu
muito mais, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois
Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.
Iansã Ganha de Obaluaiê o Poder Sobre os Mortos
Chegando de viagem à aldeia
onde nascera Obaluaiê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de
todos os orixás. Obaluaiê não podia entrar na festa, devido à sua medonha
aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber
a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava
seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
Apesar de envergonhado, Obaluaiê entrou, mas ninguém se aproximava dele,
nenhuma mulher quis dançar com ele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho.
Ela compreendia a triste situação de Obaluaiê e dele se compadecia. Iansã esperou
que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê (festa, dança, brincadeira)
estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas ekedes. Iansã chegou
então bem perto dele e soprou suas roupas de palha com seu vento. Nesse momento
de encanto e ventania, as feridas de Obaluaiê pularam para o alto,
transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão.
Obaluaiê, o deus das doenças, transformara-se num jovem belo e encantador.povo
o aclamou por sua beleza. Obaluaiê ficou mais do que contente com a festa,
ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Iansã então dançou
e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela
dançava agora, agitava no ar o eruexim (o espanta-mosca com que afasta os eguns
para o outro mundo). Iansã tornou-se Iansã de Balé, a rainha dos espíritos dos
mortos, a condutora dos eguns, rainha que foi sempre a grande paixão de
Obaluaiê.
Iansã - Orixá dos Ventos e da Tempestade!!!
Oxaguiam
(Oxalá novo e guerreiro) estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão
poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia
lentamente. Oxaguiam pediu a seu amigo
Ogum urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado
para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou
Oxaguiam que Oiá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a
fabricação. Oiá se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava
intensamente o fogo e o fogo aumentado derretia o ferro mais rapidamente. Logo
Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiam venceu a guerra. Oxaguiam
veio então agradecer Ogum. E na casa de Ogum enamorou-se de Oiá. Um dia fugiram
Oxaguiam e Oiá, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde
Oxaguiam voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oiá
teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxaguiam, onde vivia, Oiá
soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que
separava a cidade de Oxaguiam da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e
arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas
com furor. E o povo se acostumou com o sopro de Oiá cruzando os ares e logo o
chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação
das armas, mais forte soprava Oiá a forja de Ogum. Tão forte que às vezes
destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades
e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oiá e o povo chamava a isso
tempestade.
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